Arthur desembarcou no início da madrugada de hoje no aeroporto da Pampulha nos braços do pai, que foi ao Rio de Janeiro na companhia da Polícia Civil para buscar o filho. Muito emocionado, Johney disse que durante o voo deu a primeira mamadeira ao bebê e que o menino sorriu ao vê-lo. ;Graças a Deus meu filho está comigo. Agora, eu cuido.; Ele disse que em nenhum momento desconfiou que a mulher teria armado isso e que a descoberta ;foi uma situação de choque.;
Segundo o delegado-chefe da Divisão Especializada em Operações Especiais (Deoesp), Wanderson Gomes da Silva, Renata confessou ontem que entregou espontaneamente o recém-nascido nas imediações da rodoviária, no Centro de BH, a um casal de adolescentes, de 17, da capital fluminense. A mãe da garota é dona de creche na cidade.
Wanderson Silva explicou que o Deoesp assumiu o caso do desaparecimento ontem, sob investigação do delegado Bruno Wink. Ao receber a denúncia, o policial estava ouvindo o casal, que compareceu à delegacia para ser falar sobre o rapto. Em seguida, a polícia mineira acionou a do Rio. ;O inquérito foi instaurado hoje (ontem) e ainda não sabemos o que levou Renata a entregar a criança. Por enquanto, não sabemos se a negociação envolveu dinheiro. Mas ela demonstrou estar arrependida;, disse.
Segundo Bruno Wink, Renata localizou o casal interessado por meio da internet e fez contatos por rede social e e-mail e depois entregou a criança. Já a polícia do Rio de Janeiro informou que a mulher que recebeu a criança mora em Vila Valqueire e confirmou a versão de que a entrega seria espontânea, sem pagamento.
Renata prestou depoimento ontem à noite. Se for considerada culpada, ela responderá por subtração de menor (pena de dois anos) e ainda será enquadrada no artigo 138 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por negociar menor e tentar obter recompensa, e no artigo 237. Já a adolescente do Rio de Janeiro, que teria perdido recentemente um bebê, responderá por substituição de lar.
INVENÇÃO De acordo com a polícia carioca, Renata teria mandado mensagem para a adolescente dizendo que deveria tomar cuidado, pois o pai da criança estava transtornado com o desaparecimento da filha. Segundo Wanderson, a história de que o casal de chineses teria levado a criança foi invenção de Renata. Para aumentar o suspense, vizinhos do casal chegaram a relatar que viram um veículo Palio preto rondando a porta da casa do casal no Bairro Icaivera, em Contagem.
Depoimento de cinco horas
Johney e Renata foram ouvidos no Deoesp por mais de cinco horas. No início da tarde, o concunhado da jovem mãe, o motorista Adriano Rodrigues dos Santos, de 46, morador de Betim, na Grande BH, chegou ao local e disse que os dois começaram a namorar aos 15 anos e que estão casados há três anos. ;Eles são muito tranquilos. O nascimento do bebê foi planejado. Estavam até pensando em ter mais um filho. Arthur Pietro é o xodó da família;, afirmou Adriano. ;Todos estão muito abalados, alguns vivendo sob poder de calmantes;, completou.
Ao saber da localização do bebê, Adriano disse: ;Graças a Deus;. Mas ficou decepcionado com o comportamento de Renata, que no domingo se mostrou indignada com o interrogatório na polícia. Conforme publicou o EM ontem, ela disse: ;Perguntaram várias vezes se a gente vendeu nosso filho. Disseram que a gente estava tranquilo demais e que eu deveria estar desesperada. Não respeitaram a nossa dor. A gente não seria capaz de fazer uma loucura dessas. Sou louca por aquele menino. Ele é a minha vida.;