Apesar do retorno de grandes áreas de desmatamento na Amazônia, superiores a mil hectares ; ou mil campos de futebol ;, um perfil de derrubada de floresta tem se consolidado na região nos últimos anos. São os polígonos menores de 25 hectares, invisíveis ao Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real, o Deter, do governo federal, que não tem resolução suficiente para percebê-los. Cientes de que estão sendo vistos do espaço, os madeireiros ilegais também têm atuado mais durante o inverno amazônico, entre os meses de dezembro e abril, quando a cobertura de nuvens é intensa ; condição que prejudica a detecção pelos satélites. Sinalizações do governo de redução de unidades de conservação seriam outro fator de risco à floresta.
O governo só toma conhecimento de boa parte das derrubadas quando o estrago já está feito, através do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite). No último balanço anual, divulgado há duas semanas, constatou-se um aumento de 28% nas áreas de floresta perdidas. Entre agosto de 2012 e julho de 2013, foram desmatados 5.843km;, área equivalente a todo o Distrito Federal. Desde 2005 à frente da lista, o Pará contribuiu com 2.379km;, ou 40,7% do total, seguido por Mato Grosso (1.149km;) e Rondônia (933km;). Juntas, as áreas dos três estados formam o chamado Arco do Desmatamento.
Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, acredita que o aumento é um ponto fora da curva. ;Não vai continuar subindo. Entre agosto e outubro deste ano, temos um indicativo de queda de 24%. Devemos voltar aos 4.500km; de 2012;, explica. Com o retorno dos grandes polígonos, os desmatamentos abaixo de 25 hectares perderam importância, passando de 60% para 50% do total, mas continuam predominantes. Tanto que o governo federal já prepara uma ofensiva para detectá-los. Aviões do Sistema de Proteção da Amazônia, equipados com radar ; que conseguem ;ver; através das nuvens ;, devem começar a monitorar áreas prioritárias ainda neste mês. Parcerias com a China e a Índia para a utilização de satélites também permitirão a identificação de áreas a partir de cinco hectares.
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