Jornal Correio Braziliense

Brasil

Mais da metade das moradias irregulares brasileiras estão em áreas planas

De acordo com o Censo de 2010, 3,2 milhões de domicílios particulares permanentes ocupavam 6.329 aglomerados subnormais em uma área de 169,2 mil hectare

Rio de Janeiro - Mais da metade das moradias irregulares brasileiras (52,5%), como favelas e invasões, estão em áreas predominantemente planas e 51,8% têm ruas como principais vias de circulação interna. A maior parte dos domicílios nessa situação está na Região Norte, sobretudo, nas áreas metropolitanas de Macapá (83,5%) e de Belém (99,6%).



Para o coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE, Claudio Stenner, o ineditismo da pesquisa é trazer detalhes da geografia dessas áreas para compreender como elas se diferenciam e assim orientar políticas públicas. ;Diferenciar essas áreas é tão importante quanto conhecer as diferenças socioeconômicas. Uma área com acessibilidade por rua não precisa de interferência tão forte do Poder Público nesse sentido, já com becos e encosta, há a necessidade de intervenção seja por meio da construção de vias, teleféricos, por exemplo.;

[SAIBAMAIS]Dos 47,5% de domicílios em aglomerados irregulares (invasões e favelas) em áreas de subida moderada ou acentuada, a maior concentração foi registrada no Centro-Oeste (47%), enquanto as regiões Nordeste e Sudeste se destacaram com as maiores proporções de domicílios em áreas predominantemente de subida acentuada (25% cada).

Os dados mostram que as regiões Centro-Oeste, Norte, e Sul apresentam processo de ocupação similares, em áreas mais planas, com predomínio de acessibilidade por ruas e verticalização mais baixa, construções de um pavimento, quadras com lotes regulares e vias de circulação que permitiam a passagem de caminhões e carros.

Nas regiões Sudeste e Nordeste ; que juntas concentram quase 80% dos domicílios em invasões e favelas do país (49,8% e 28,7% respectivamente) ; a maioria desses aglomerados fica em áreas de morros, com destaque para a região metropolitana de São Paulo, seguida das regiões metropolitanas de Salvador e do Rio de Janeiro. Em Salvador, há maior concentração de domicílios irregulares acessíveis predominantemente por escadarias (50.509) e por rampas (9.339). As regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro concentravam metade dos domicílios com acesso predominante por becos e travessas (660.667 no total).

Na Região Norte, predominaram como via de acesso interna de aglomerados desse tipo as passarelas e pinguelas (pontes de madeira, pequenas e estreitas), com destaque para a região metropolitana de Macapá, onde estavam 62% de todos os domicílios da região acessíveis por esse tipo de via.