No último mês de agosto, o juiz Luiz Henrique Oliveira Marques, da 5; Circunscrição do Registro Civil das Pessoas Naturais, indeferiu o reconhecimento de morte presumida, necessário para obtenção da certidão de óbito, sob a argumentação de que Amarildo estava nas mãos de agentes do Estado e, portanto, em segurança, lembrou hoje (2) Tancredo à Agência Brasil. Ele participou do ato de apoio à família de Amarildo, na Rocinha, que exigiu do governo fluminense a entrega dos restos mortais do pedreiro para que possam ter um enterro digno.
[SAIBAMAIS]João Tancredo avaliou que a responsabilidade civil do Estado pelo sumiço de Amarildo deverá ser conseguida sem nenhuma dificuldade. ;Mas é pouco. A questão é conseguir responsabilizar os governantes pelos crimes, ou seja, a responsabilização pessoal. Isso é um pouco mais difícil;.
O advogado ponderou que nem os policiais, nem o ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, major Edson dos Santos, fazem coisas que saem de suas próprias cabeças. ;Ele tem proteção de superiores para isso. Então, a gente tem que desbaratar essa rede. É uma verdadeira quadrilha que se formou. A gente precisa repensar e punir, no sentido da indenização. É uma forma de tentar dizer para o Estado não faça, treine seus policiais, remunere adequadamente, dê condições de trabalho, ensine direitos humanos para eles, para a gente poder ter um estado de tranquilidade;.
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Segundo o advogado, tanto a mulher, Elizabeth, como os seis filhos de Amarildo sabiam desde o início que o marido e pai havia sido morto pela polícia. ;Desde o início, eles falam isso;.
O espantoso, acrescentou, é o número de policiais envolvidos no sumiço do pedreiro. Até agora, foram indiciados 25 policiais militares, dos quais três mulheres, acusados de envolvimento no crime de tortura e morte de Amarildo. ;Esse é um número impressionante. Não é uma laranja podre, não. O cesto está muito ruim. É preciso começar a rever, repensar a ideia de política de segurança da UPP. Tenho sérias dúvidas se essa política é o ideal para a favela;, manifestou.