Jornal Correio Braziliense

Brasil

ONGs fazem passeata para cobrar que Estado encontre corpo de Amarildo

Ideia partiu da própria família do pedreiro, que procurou a ONG

Rio de Janeiro - A organização não governamental (ONG) Rio de Paz promove na manhã deste sábado (2/11), Dia de Finados, na comunidade da Rocinha, uma passeata com a família do pedreiro Amarildo, desaparecido desde o dia 14 de julho deste ano. Segundo informou à Agência Brasil o diretor executivo do Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, a família de Amarildo ;está querendo usar a data para apresentar mais uma reivindicação ao Estado. Primeiro, foi saber quem eram os autores do crime. Agora, eles querem a ossada, para fazer o enterro;.

A ideia partiu da própria família do pedreiro, que procurou a ONG. ;A causa é muito justa;, disse Costa. ;Pretende-se pedir que o Estado se empenhe na perspectiva de dizer onde a ossada se encontra;. Ele afiançou que ;a família não abre mão disso;.

Os participantes do movimento usarão máscaras com o rosto de Amarildo e levarão um boneco com um capuz preto, simbolizando o corpo do pedreiro. Os voluntários do Rio de Paz se reunirão na passarela da Rocinha às 9 h, iniciando a caminhada às 10 h, na Central de Monitoramento da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), onde Amarildo foi preso. Depois, em companhia da família, irão até o alto da favela, onde farão uma dramatização.

Na avaliação da pesquisadora da ONG Justiça Global, Alice De Marchi, não basta à família o indiciamento dos policiais acusados pela morte de Amarildo. É preciso que haja a resolução completa do caso e a responsabilização das pessoas que cometeram o crime, porque, por ora, segundo indicou, o que há é apenas resultado de investigação.

Leia mais notícias em Economia

;Enquanto Justiça Global, a gente acha importante que mais do que os agentes envolvidos que estão sendo acusados, haja uma responsabilização do Estado, assumindo que esse tipo de caso é apenas um dentre outros. Que assuma que há esse absurdo cometido pelo Estado;. A Justiça Global participará da caminhada de amanhã (2).

Alice ponderou que não se trata de um caso isolado, nem de punir somente os policiais que ;sempre são os peixes pequenos que acabam sendo responsabilizados;. Para ela, o caso de Amarildo é emblemático, justamente por não ser o único no estado do Rio de Janeiro. ;Esse ponto a gente acha importante destacar. É uma prática sistemática. O Estado tem participado de outras violações desse tipo, de desaparecimentos forçados e execuções sumárias;. Ela acrescentou que isso não acaba com as UPPs.

A ONG Justiça Global critica a política de segurança fluminense, traduzida pelas notícias de violência e morte em favelas que têm instaladas UPPs. ;Nós temos indicado e denunciado esses casos, para apontar que a UPP parece menos ser uma política de segurança e mais um projeto que tem mais marketing e propaganda em cima. O que a gente vê é muito mais valorização desses territórios e o aumento do custo de vida, sem o efetivo enfrentamento de questões que a UPP inicialmente se colocava para enfrentar;. A violência é uma dessas questões.

Alice De Marchi analisou que as políticas públicas e o acesso aos direitos mais básicos das pessoas não tem sido respeitado. ;Pelo contrário. A gente tem visto, inclusive, a continuidade das violações dos direitos humanos;.