Desgastados diante da opinião pública por defender o direito à privacidade como justificativa para a censura de biografias não autorizadas, artistas do grupo Procure Saber gravaram vídeos que devem ser exibidos, a partir desta terça-feira (29/10), nas redes sociais. O anúncio foi feito pelo próprio grupo na página que mantém no Facebook. O discurso dos famosos acompanhará o tom usado pelo cantor Roberto Carlos, em entrevista exibida no domingo no programa Fantástico, da Rede Globo. Embora tenha se posicionado contra a obrigatoriedade de avaliação prévia por parte do biografado, o artista ; que conseguiu, na Justiça, a proibição de um livro não autorizado sobre sua vida ;, destacou ser necessário fazer ;certos ajustes; na legislação e não descartou a importância de participação nos lucros, sem detalhar, no entanto, como deveriam ser essas regras.
A manifestação de Roberto Carlos, interpretada por muitos como um recuo da classe artística no posicionamento adotado anteriormente, não passa de uma mudança estratégica de discurso, na avaliação dos que desejam ver derrubada a necessidade de autorização prévia. Eles apostam que os vídeos de artistas do Procure Saber que já se manifestaram sobre o tema, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan, virão com a mesma retórica: contra a proibição prévia, até para se livrarem da pecha de censores causada pelas declarações que incendiaram as redes sociais nas últimas semanas, mas alegando necessidade de mudanças em nome da intimidade dos biografados.
;A entrevista do Roberto me pareceu mera estratégia. Por um lado, talvez uma parte desses artistas tenha reconhecido que o mecanismo da lei atual é inconstitucional porque dá controle absoluto aos biografados, o que não existe em nenhum lugar do mundo civilizado e desenvolvido. Mas, por outro lado, quando perguntado se liberaria a própria biografia, ele diz que é preciso analisar, sem dar justificativas;, diz Gustavo Binenbojm, advogado da Associação Nacional dos Editores de Livros, que entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal questionando os dois dispositivos do Código Civil que admitem da autorização prévia para publicação de biografias no Brasil.
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