Jornal Correio Braziliense

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Pesquisadores estrangeiros discutem no Rio a terapia assistida com animais

Apesar das avaliações positivas, o Brasil ainda apresenta alguma resistência a esse tipo de tratamento alternativo, ao contrário de outros países como a Argentina, os Estados Unidos e o Chile

A terapia assistida por animais ganha cada vez mais atenção de pesquisadores do mundo todo, confirmando os impactos positivos que animais como cavalos e cachorros têm para a saúde física e mental de crianças, adultos e idosos. Para discutir o tema, pesquisadores de várias partes do mundo estão reunidos de hoje (25/10) até terça-feira (29/10), em Niterói, para o Simpósio Internacional de Atividade, Terapia e Educação Assistida por Animais (Sintaa), que está em sua segunda edição.

Apesar das avaliações positivas, o Brasil ainda apresenta alguma resistência a esse tipo de tratamento alternativo, ao contrário de outros países como a Argentina, os Estados Unidos e o Chile, onde vários hospitais permitem a visita de animais a pacientes, desde que avaliados e monitorados por um profissional da saúde. Em todo o país, apenas o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, admite esse tipo de terapia.

A professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Beatriz Guitton, disse que os médicos observam clinicamente os pacientes que utilizam a terapia assistida por animais e notam muitos pontos positivos. "Os resultados são importantes porque eles verificam os sinais vitais, de tensão, memória, dor, dependendo qual é o objetivo. Aplica-se a terapia e dá para enxergar a melhora no quadro do paciente, seja em relação aos sinais vitais, como pressão arterial, batimento cardíaco, ou se a pessoa fica mais tranquila, como crianças antes de algum tratamento quimioterápico", explicou.

O uso de animais como cobaias foi destaque na imprensa nos últimos dias com o episódio da invasão de ativistas à sede do Instituto Royal, no município de São Roque, interior paulista. Na ocasião, os ativistas levaram 178 cães da raça beagle, alegando maus-tratos por parte do instituto. Na avaliação de Beatriz Guitton, não há como fazer pesquisas sem o uso de animais, mas ressaltou a necessidade de controle e fiscalização das condições em que os testes são feitos.



"É uma situação diferente da que o Sintaa está discutindo, que é a inserção de animais em tratamentos terapêuticos, mas muito importante. Acho que tem que ter um critério ético, e hoje o Brasil tem um comitê de ética em pesquisas em animais e regras sobre isso. Mas é fundamental que se utilize o animal. Nós que estamos na pesquisa não podemos pensar em como desenvolver ensaios clínicos sem antes termos um ensaio pré-clínico, que é quando você faz os experimentos em animais antes dos testes em voluntários. Claro, tem que ter um acompanhamento, declarou Beatriz Guitton.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nesta sexta-feira (25/10) uma nota em que reitera seu compromisso ético no uso de animais para finalidades científicas, declarando que apesar dos esforços da comunidade científica, não há como suspender as pesquisas em animais. Segundo a nota, antes do uso por humanos, os medicamentos e as vacinas dependem da experimentação em animais.

Sobre as pesquisas que desenvolve, a fundação informou que "são pautadas pelos princípios de bem-estar do animal, adotando dentre outros, o critério de redução, utilizando o menor número possível de animais a cada experimento, e de substituição do uso de animais por outra estratégia sempre que tecnicamente possível".