Brasil

Cirurgia em porco acirra debate do uso de cobaias em experimentos

Ativistas invadem aula de medicina da PUC-Campinas para gravar em vídeo uma cirurgia na qual os alunos treinam técnicas de traqueostomia em um suíno vivo. Ações desse tipo -- como o furto de cães em laboratório paulista -- preocupam os cientistas

postado em 25/10/2013 06:00
Cinco dias depois que um grupo de ativistas invadiu o Instituto Royal, em São Roque (interior de São Paulo), para pegar 178 cachorros da raça beagle, em protesto contra o uso de animais como cobaias, mais um ato foi registrado no interior de São Paulo. Algumas pessoas interromperam uma aula prática do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, em que seis porcos eram usados para ensinar a técnica da traqueostomia (abertura de um orifício na traqueia para permitir a respiração) aos alunos. Os ativistas filmaram os procedimentos e, depois, deixaram o local. Mais tarde, uma reação do governo à onda recente de manifestações veio em forma de nota, assinada pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Rato criado em laboratório: poucos são os métodos que podem substituir o uso de animais em pesquisas científicas
Marcelo Morales, coordenador do Concea, afirmou ao Correio que vê com ressalvas o panorama atual dos protestos. ;É muito preocupante esse movimento obscurantista que vem ocorrendo no Brasil, cuja origem nós não sabemos, mas que mostra uma irracionalidade, um atraso muito grande;, afirmou o pesquisador, que também integra a diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). De acordo com ele, é o desenvolvimento de remédios e tratamentos para doenças que está ameaçado diante do ;radicalismo; dos que se intitulam defensores dos animais.



;Ativistas falam o que leem na internet, não têm base científica. É lorota a afirmação de que podemos usar métodos alternativos para a maior parte dos procedimentos. Eles são pouquíssimos atualmente. Já utilizamos, nas faculdades de medicina, meios de diminuir a quantidade de animais, como filmar as aulas. Mas nem sempre é possível. Em um momento, os alunos precisam do animal;, afirma Morales.

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