Jornal Correio Braziliense

Brasil

Índios fazem ato no Rio contra projetos que podem reduzir seus direitos

Eles temem que propostas de emendas constitucionais (PECs) que tramitam no Legislativo retirem direitos indígenas conquistados com a Constituição de 1988

Rio de Janeiro %u2013 Índios de várias etnias e apoiadores da causa indígena fizeram nesta sexta-feira (4/10) um protesto no centro do Rio, contra as iniciativas legislativas que podem, segundo eles, reduzir seus direitos constitucionais, se aprovadas no Congresso. A manifestação foi batizada de Mobilização Nacional Indígena Contra o Retrocesso Social e também ocorreu em outros estados. Os índios temem que propostas de emendas constitucionais (PECs) que tramitam no Legislativo, como a PEC 038/99, PEC 215 e PEC 237/13, além dos projetos de Lei (PL) 1610/96 e do Projeto de Lei Complementar (PLP) 227/12, retirem direitos indígenas conquistados com a Constituição de 1988. O cacique Korubo, da Aldeia Korubo, no Acre, próximo à fronteira com a Bolívia, protestou contra a possibilidade de perder direitos sobre suas terras, inclusive com a abertura da exploração de petróleo. Em número aproximado de 800 pessoas, segundo o cacique, muitos dos korubos ainda não foram contatados e seguem isolados. %u201CNossa terra tem petróleo e pode ser privatizada. Nós estamos saindo para a rua pedindo apoio da imprensa e da população. Nós, índios, não temos representante no Congresso Nacional, mas a bancada ruralista tem. Então, a população indígena não sabe para aonde correr. A situação é cada vez mais crítica. O Estado não quer reconhecer as terras indígenas e diz que o índio que mora na cidade não é mais índio. Mas nós temos cultura, tradição, costume e religião própria%u201D, disse. Os índios se concentraram em frente ao prédio da Petrobras, na Avenida Chile, e depois saíram em passeata pela Avenida Rio Branco, até a Cinelândia. Carregando faixas e cartazes, eles distribuíram panfletos para a população, com as principais reivindicações. Os manifestantes também são contra a Portaria 303/12, da Advocacia-Geral da União (AGU) e o Decreto 7.957/13, que paralisaram, segundo eles, os processos de demarcação de terras indígenas, a criação de unidades de conservação, titulação de quilombos e implementação de reforma agrária.