Posteriormente, nos anos 40 e 50, o próprio IAPC começou a permitir a entrada de famílias por meio de contratos informais em que não se responsabilizava por qualquer infraestrutura. Com o adensamento da área e a chegada das indústrias, a migração se intensificou, com a chegada de famílias removidas de outros locais, parentes e com o processo culminando na invasão de Nova Brasília, em 1957. Formou-se uma associação de moradores que começou a vender cavas de terra e a tentar regular a ocupação, realizando inclusive um censo próprio. "Eles não tinham visibilidade nenhuma. Não tinham água, não tinham luz e construíam tudo em mutirão. As invasões vão ocorrer sim, mas em um momento posterior à presença do poder privado e do Poder Público".
Rute, que trabalhou ainda na pesquisa Os Parques Proletários e os Subúrbios do Rio de Janeiro: Aspectos da Política Governamental para as Favelas entre 1930 e 1960, reforça o papel do Poder Público na formação de favelas: "Nos anos 40 e 50, o governo local realmente criou alguns assentamentos no subúrbio. O intuito era transferir áreas que estavam sendo remodeladas com a abertura de avenidas".
Os parques proletários de que tratam a pesquisa receberam principalmente moradores que ocupavam o entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas e áreas do subúrbio em que eram abertas avenidas, como no Caju. Alguns assentamentos, como a Vila Proletária da Penha e Vigário Geral, tiveram uma estrutura básica inicial. "O governo local perdeu o controle sobre a ocupação. Era um arranjo muito frágil. Com a migração, os próprios moradores que se instalaram com o consentimento do governo, passaram a se considerar invasores, porque muita gente depois se instalou sem pedir autorização a ninguém".