Jornal Correio Braziliense

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Centenas de milhares de relíquias intactas são encontradas no centro do Rio

A descoberta do sítio arqueológico ocorreu ao longo dos últimos seis meses, durante escavações para novas estações do metrô, ao lado da antiga estação de trens da Leopoldina



;A arqueologia está perplexa, estamos encontrando uma quantidade não só imensa, mas inusitadamente bem preservada. Por ser uma área pantanosa e como o local passou por aterramento também com material orgânico, acabou preservando peças inteiras, intactas, sem nenhuma fratura, uma lasca;, comemorou o arqueólogo.


Historiadores já tinham notícia de que a área servia de descarte de resíduos provenientes do palácio imperial. Para Mello o achado é uma oportunidade única da sociedade estudar seu passado por meio de evidências do cotidiano das pessoas que viveram nesses períodos. ;É interessante estudar as coisas simples da vida das pessoas para reconstituir esse cotidiano que a gente não registra. O desodorante, a caixinha de pasta de dente, ninguém guarda para deixar de herança;, comentou ele. ;A arqueologia está resgatando pedacinhos dessas vidas e vai ter a oportunidade de estudar, processar essa informação e recontar a história dessa sociedade;, contou ele.

No local, funciona temporariamente uma fábrica de anéis de concreto para a construções dos túneis do metrô. A escavação foi interrompida devido ao cronograma da obra e deve ser retomada em 2016, quando as estações estiverem prontas e o local limpo para a pesquisa arqueológica.

;Cobrimos todas as trincheiras com camadas diferentes para ficar bem discernível no futuro até onde a arqueologia foi e quando a obra acabar e a fábrica [for desativada] no final de 2015, esse material vai ser retirado, essa camada será removida e o empreendimento vai devolver para a arqueologia o sítio da forma que deixamos;.

A equipe conta atualmente com mais de 30 profissionais e vai se dedicar agora a limpar as peças recolhidas e reunir as peças quebradas. Enquanto as obras estiverem em curso, a concessionária do metrô, está custeando o trabalho de laboratório, a análise do material e a pesquisa histórica.
Outras preciosidades encontradas nas escavações são um aqueduto subterrâneo, que provavelmente foi construído sob o comando de Dom João VI, no início do século XIX, e vestígios do Matadouro Imperial de São Cristóvão, local de abate de animais, chancelado pelo governo imperial (de 1853 e a 1881).