O dono da empresa Alpi Aviation do Brasil, Claudio Grigoletto, foi preso nesta terça-feira (3/9) na Itália suspeito da morte da mineira Marilia Rodrigues Silva Martins, de 29 anos, cujo corpo foi encontrado no escritório da companhia, na cidade de Gambara, província de Bréscia, no Norte do país. As informações são da Agência Italiana de Notícias (Ansa).
O corpo da turismóloga de Uberlândia foi achado pelo chefe dela na sexta-feira. Na tarde de ontem, por meio da assessoria de imprensa, o Itamaraty informou que o consulado do Brasil em Milão entrou em contato com a polícia italiana, que confirmou a morte e o início das investigações sobre o crime. A autópsia no corpo da jovem comprovou que ela foi vítima de homicídio. Ela estaria grávida de cinco meses e seu corpo tinha ferimentos na nuca e no rosto. O escritório também continha um forte cheiro de gás.
O empresário italiano, titular da Alpi Aviation do Brasil e responsável por oferecer o emprego à jovem, foi interrogado durante toda a madrugada de hoje. Sua prisão foi pedida pelo Ministério Público e sob acusação de homicídio agravado da tentativa de ocultação de cadáver e de aborto. "Claudio Grigoletto foi preso, mas não confessou [os crimes]", disse o comandante regional da polícia de Brescia, Giuseppe Spina.
[SAIBAMAIS]
Segundo o procurador de Brescia, Fabio Salamone, o dono da Alpi Aviation do Brasil teria matado a brasileira porque seria o pai da criança que a jovem estava esperando. "Ele quis eliminar o problema para salvar seu próprio casamento", disse o procurador. Grigoletto chegou a criar uma conta falsa de e-mail para atribuir a uma outra pessoa uma suposta relação com a brasileira.
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Salamone informou ainda que Marilia foi "estrangulada, mas pode ter morrido por respirar gás". "Não queremos condenar nem incriminar ninguém. Não há uma confissão, mas uma situação com vários indícios", disse Salamone, ressaltando que o interrogatório de Grigoletto foi marcado por uma série de contradições.
Família
Segundo o Itamaraty, o consulado também fez contato com os parentes da vítima e o governo brasileiro vai prestar todo apoio à família na tramitação de documentos e na interlocução com as autoridades italianas a respeito das investigações do caso. O Ministério das Relações Exteriores informou que ainda não sabe quando o corpo será liberado para traslado ao Brasil. Acrescentou que a família não deverá receber ajuda oficial para a remoção, já que o governo federal não arca com esse tipo de despesa. Marília morava na Itália havia 10 anos. Ela trabalhava na empresa Alpi que atua na área de compra e venda de helicópteros e ultraleves.
Ontem, o promotor de Uberlândia, Fernando Martins, que é tio da vítima, viajou para a Itália para acompanhar as investigações de perto. A mãe de Marília, Natália Silva, morava com a filha na Itália e, há três anos, voltou para Uberlândia. Ontem, ninguém da família foi localizado.
Solidariedade
O governador Antonio Anastasia lamentou a morte de Marília Martins. Segundo ele, além de prestar toda a ajuda à família para o traslado do corpo, em conjunto com o Itamaraty, o governo de Minas se empenha junto às autoridades italianas para uma rápida conclusão das investigações. Ele designou a chefe da Assessoria de Relações Internacionais do Governo do Estado, Chyara Sales Pereira, para acompanhar o caso.