Jornal Correio Braziliense

Brasil

Greenpeace protesta contra leilão que prevê volta de usinas a carvão

Ativistas fantasiados de mineiros despejaram uma tonelada e meia de carvão em frente a uma das portarias do Ministério de Minas e Energia



A coordenadora da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Renata Nitta, considera um retrocesso a liberação da entrada de térmicas a carvão no leilão de amanhã. ;O governo insiste em retroceder na nossa política energética ao permitir a entrada de uma fonte tão poluente quanto o carvão, quando o Brasil tem um enorme potencial de energia eólica, solar e de biomassa, que são fontes renováveis e limpas e estão esperando a oportunidade de serem aproveitadas;, disse Renata.

Segundo ela, em 2009, o governo havia banido a participação de térmica a carvão em leilões de energia por ser uma fonte poluidora e pelos compromissos que assumiu voluntariamente de redução de emissões de gases do efeito estufa. ;O governo diz que é necessário garantir a segurança energética. Isso é verdade porque nossa matriz é muito dependente da energia hidráulica. Mas falta planejamento para, no período da seca, quando o nível dos reservatórios está mais baixo, investir na geração de energia eólica e de biomassa,; afirmou a ativista.

No início de julho, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que considerava o retorno das usinas movidas a carvão mineral nos leilões um paradoxo ambiental. A volta do carvão aos leilões, explicou ele, ocorre em razão das restrições socioambientais à construção de hidrelétricas com grandes reservatórios na Bacia Amazônica. Outra razão são os preços ainda pouco competitivos do gás natural, menos poluente que o carvão.

Usinas eólicas e hidrelétricas sem reservatório são ecologicamente mais sustentáveis. No entanto, por dependerem de condições naturais estáveis (ventos e chuvas), enfrentam também dificuldades para serem implementadas. Segundo a EPE, a permanência do carvão nos próximos leilões vai depender das descobertas de gás natural que podem ocorrer nos próximos anos e dos investimentos para tornar o gás natural liquefeito mais barato.

Até a publicação desta reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia ainda não havia se pronunciado sobre o protesto do Greenpeace.