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Testemunhas reforçam acusações aos réus no julgamento da Chacina de Unaí

No episódio quatro servidores do Ministério do Trabalho foram mortos enquanto faziam uma fiscalização de rotina na zona rural da cidade mineira

Prossegue nesta quarta-feira (28/8), em Belo Horizonte, o julgamento de três dos oito acusados de participar do assassinato de três auditores fiscais do Trabalho e de um motorista do Ministério do Trabalho. O crime ocorreu em 28 de janeiro de 2004, na cidade de Unaí (MG). Os depoimentos das testemunhas no primeiro dia do tribunal do júri reforçaram as acusações contra os três réus.

A previsão é que o julgamento de Rogério Allan Rocha Rios, Erinaldo de Vasconcelos Silva e William Gomes de Miranda se estenda até sexta-feira (30/8). Os três são acusados de emboscar e atirar nos fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e também no motorista Aílton Pereira de Oliveira.

Em episódio que ficou conhecido como a Chacina de Unaí, os quatro servidores do Ministério do Trabalho foram mortos enquanto faziam uma fiscalização de rotina na zona rural da cidade mineira, a cerca de 500 quilômetros de Belo Horizonte e 160 quilômetros de Brasília. O júri é composto por cinco mulheres e dois homens. Das 18 testemunhas arroladas, dez foram ouvidas e uma dispensada até o encerramento do primeiro dia do julgamento, por volta das 22h30 de terça-feira (27/8).



A primeira testemunha a depor ontem foi o ex-delegado da Polícia Federal (PF) Antônio Celso Santos, que voltou a acusar os fazendeiros e irmãos Norberto e Antério Mânica de terem ordenado o assassinato dos quatro servidores públicos. Também prestaram depoimento as viúvas de dois servidores assassinados.

O julgamento foi retomado hoje às 9h20 com o depoimento do delegado Wagner Pinto de Souza. Atual chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil de Minas Gerais, ele também participou das investigações do crime.

Durante sua intervenção, a procuradora da República Mirian Moreira Lima reforçou as acusações contra os réus, especialmente contra os irmãos Mânica, apontados como os principais mandantes do crime. Autora da denúncia criminal, a procuradora mencionou a existência de testemunhos de que os Mânica continuariam depositando dinheiro nas contas de Rios, Silva e de Miranda.

Acusado de homicídio qualificado, crime de resistência e frustração de direito trabalhista, Norberto Mânica deve ir a julgamento no dia 17 de setembro, junto com Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Humberto Ribeiro dos Santos. Fazendeiro, Pimenta é acusado de ter encomendado a seu empregado, Castro, a contratação dos pistoleiros. Os dois respondem pelo crime de homicídio qualificado.

Já Humberto Ribeiro dos Santos é acusado de formação de quadrilha. Segundo a acusação, ele recebeu R$ 3 mil para arrancar as folhas do livro de registro de hóspedes de um hotel de Unaí no qual os pistoleiros haviam se hospedado e onde Rios, um dos acusados em julgamento, teria assinado a ficha de hóspede com o nome verdadeiro.

Segundo a Justiça Federal, Rios, Silva e Miranda estão sendo julgados antes dos demais acusados porque já estão presos em Contagem (MG). Os três acusados de executar o crime foram detidos poucos meses após o crime, depois que a Polícia Federal apontou o envolvimento deles.

A data do julgamento do oitavo acusado, o fazendeiro Antério Mânica ainda não foi definida, mas a expectativa é que ocorra juntamente com os demais, no próximo dia 17. Apontado como um dos maiores produtores de feijão do país, Antério foi eleito prefeito de Unaí poucos meses após o crime e reeleito em 2008. Outro envolvido no crime, Francisco Elder Pinheiro, acusado de ter contratado os pistoleiros, morreu em janeiro deste ano, aos 77 anos de idade.