O comerciante Sudmar Franzin, de 49 anos, disse ontem à noite que avalia a possibilidade de ainda esta semana praticar voo livre a partir do mirante da Pedra Bonita, no Rio de Janeiro. Ele e o instrutor Luiz Gonzaga Pereira de Souza, de 57, ganharam notoriedade na internet e na imprensa com a divulgação do vídeo que mostra os momentos de pavor que enfrentaram, depois que o parapente em que saltaram foi arrastado por rajadas de vento para dentro de uma nuvem, há menos de duas semanas. Sem qualquer visibilidade, o instrutor chegou a rezar, temendo por um acidente fatal.
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Apesar de o voo ter ocorrido no dia 17, também no Rio, o drama do comerciante paulista só ficou nacionalmente conhecido depois que um colega divulgou imagens do salto. %u201CRecebi vários convites para fazer um novo salto. Ainda não aceitei, mas se as condições meteorológicas forem favoráveis, com boa visibilidade, farei outro voo. Meus pais é que estão insistindo para que eu não salte novamente%u201D, contou Sudmar.
Casado, pai de três filhos, dois adultos, com 28 e 23 anos, e um adolescente de 14, Sudmar Franzin diz que não ficou traumatizado com o incidente. %u201CFui ao Rio para participar da meia maratona internacional e, no dia anterior à disputa, quis fazer o voo panorâmico.%u201D O comerciante voltou a frisar que o instrutor Luiz Gonzaga Pereira de Souza não teve culpa pelo incidente. %u201CQueria registrar em imagens a vista do alto do Rio. Ele quis oferecer um voo legal, mas as rajadas de vento fizeram com que entrássemos na nuvem. Temi pelo pior, assim que o instrutor demonstrou que tinha algo errado. Sabia que poderíamos bater nas pedras e cair na floresta. Não havia qualquer equipamento, como rádio, bússola ou GPS, para auxiliar em um socorro. Por isso, quando ele falou em usar o paraquedas, achei melhor seguir em busca de um ponto de referência.%u201D
Luiz Gonzaga perdeu temporariamente o direito de conduzir voos de parapente na rota entre o mirante da Pedra Bonita e a Praia de São Conrado, na Zona Sul do Rio. De acordo com a direção do Clube São Conrado de Voo Livre, Souza, que tem 20 anos de experiência na função, está temporariamente suspenso devido à série de erros cometidos durante o voo duplo, que foi registrado em vídeo. O instrutor, que estaria em Belo Horizonte visitando parentes, não foi encontrado para falar sobre o incidente.
Por quatro minutos, ele e Sudmar Franzin voaram sem rumo pelo meio de uma nuvem. %u201CEle vai passar novamente por um curso de simulação de incidentes de voo%u201D, afirmou Augusto Prates, vice-presidente da Associação Brasileira de Voo Livre. %u201CMesmo com as aulas, o instrutor só voltará a realizar voos duplos depois de ser avaliado por uma comissão especializada. Nós somos treinados para administrar o estresse e ele perdeu a referência. Entrou em parafuso%u201D, criticou Prates
O vídeo, com 13 minutos, postado nas redes sociais, mostra os momentos de tensão. O instrutor reza para que tudo acabe bem e pede que Franzin o acompanhe na oração. %u201CMostre para mim o caminho, meu Deus%u201D, clamava Souza. Antes do problema, o voo seguia descontraído. Mas, com a falta de visibilidade, a tensão acabou com o clima de passeio. Souza pedia calma, mas ao mesmo tempo demonstrava estar assustado. %u201CMeu Deus do céu, como fui deixar isso acontecer?%u201D, disse. Ele também perguntou se Franzin sabia nadar, quando suspeitou que estavam sobre o mar. O pouso estava planejado para a Praia de São Conrado. Quando finalmente conseguiu sair da nuvem, Luiz Gonzaga pousou em segurança no Itanhangá Golf Club, Zona Oeste da cidade, a cinco quilômetros do local programado.
(Com agências)