Jornal Correio Braziliense

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Jornada das Margaridas faz balanço do atendimento as trabalhadoras rurais

Nome do evento é uma homenagem à líder camponesa Margarida Maria Alves, primeira sindicalista brasileira a lutar pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba, durante o período da ditadura militar



Segundo ela, um dos grandes desafios da categoria é garantir a autonomia econômica das mulheres. ;Há dificuldade de acesso ao crédito e ao fomento. O Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar] Mulher caminha com dificuldade. A elaboração dos projetos e assistência técnica são grandes gargalos;, disse Alessandra.

Ontem, representantes da jornada foram recebidas pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, para tratar das políticas públicas do governo federal voltadas às mulheres do campo e à agricultura familiar. Na reunião, o grupo apontou a necessidade de levar qualificação profissional às mulheres do campo e de aprimorar políticas que facilitem o acesso das trabalhadoras aos programas de capacitação técnica.

;Uma decisão durante a construção do Bolsa Família foi repassar o benefício diretamente para as mulheres. Atualmente, 93% dos titulares dos cartões são mulheres responsáveis pelo sustento da família;, lembrou a ministra.
[SAIBAMAIS]
Ainda ontem, as trabalhadoras rurais reuniram-se com o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Roberto Vizentin, e reivindicaram a regularização integral das reservas extrativistas de Mata Grande e de Ciríaco, ambas no Maranhão, e a de Extremo Norte, em Tocantins. Também pediram a criação das reservas extrativistas de Enseada da Mata e de Babaçu, ambas no Maranhão.

;Nossa pauta é a regularização fundiária e a garantia do acesso à terra, com a criação das reservas extrativistas e das unidades de conservação;, disse a vice-presidenta do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Edel Moraes, cuja família mora em um assentamento agroextrativista no município de Curralinho, na Ilha de Marajó, no Pará. Ela também destacou que ;a mulher na floresta tem muita dificuldade de acesso às políticas públicas, já que a educação infantil é praticamente inexistente e os atendimentos à saúde são deficientes;.

Mercedes Demore, de 64 anos, que participa da jornada, conta que os três filhos e cinco netos foram criados na agricultura familiar. Moradora de Indianópolis, no Paraná, ela diz que ainda há discriminação contra a mulher agricultora em programas de acesso a crédito. ;Há uma grande dificuldade para conseguirmos a declaração de aptidão do Pronaf, pois geralmente é o homem que recebe;, queixou-se.