A primeira etapa da nova unidade do Centro de Internação Provisória (Cenip) do Bongi começa a ser construída a partir desta terça-feira (20/8) com a demolição do setor administrativo, e deve ser considerada como modelo para Pernambuco. No total, o espaço será dividido em quatro blocos interligados com capacidade para abrigar até 240 adolescentes entre 12 e 18 anos. Uma triagem que envolve critérios como faixa etária, tipo de ato infracional, reincidência e grau de periculosidade será responsável por definir em qual dos pavilhões cada garoto ficará. Essa será a primeira unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) do estado com dois andares.
[SAIBAMAIS]O Cenip é a porta de entrada do adolescente infrator, que recebe medida socioeducativa após ser apreendido. Por até 45 dias, ele permanece numa das unidades aguardando decisão da Vara da Infância e da Juventude, que pode conceder a liberdade ou enviá-lo para um centro de internação. Atualmente, 256 vivem no centro do Bongi, onde só caberiam no máximo 90. A superlotação, aliada à falta de controle dos profissionais que atuam no local, resultou na fuga histórica da madrugada do último domingo. Noventa e dois garotos fugiram e, até a noite de ontem, 58 foram recapturados.
O secretário da Criança e Juventude, Pedro Eurico, explicou que o setor administrativo já foi transferido para a nova sede, na Avenida Rosa e Silva, Graças. Após a conclusão da primeira etapa das obras, os adolescentes serão levados para o novo espaço. Na segunda etapa, o local onde eles estão passará por reformas. Não há prazo para a conclusão dos quatro blocos. ;Esta nova unidade seguirá os padrões do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e vai facilitar a triagem dos adolescentes;, pontuou Pedro Eurico. O governador Eduardo Campos estará presente ao local, a partir das 9h, para assinatura da ordem de serviço.
Um inquérito administrativo foi aberto para investigar responsabilidade pelas fugas. O presidente da Funase, Eutácio Borges, não descartou a possibilidade de facilitação por parte de alguns dos 17 agentes socioeducativos de plantão. Câmeras de segurança teriam registrado, por quase 50 minutos, o momento em que os garotos fugiam, após escaparem da ala 1 do prédio. Eles teriam forjado uma briga para distrair a vigilância enquanto dois grupos quebravam os cadeados das celas. Depois disso, pularam de uma altura de aproximadamente cinco metros.