Jornal Correio Braziliense

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Brasil terá centro de certificação para evitar espionagem em equipamentos

O país pretende dificultar a ocorrência de situações como as denunciadas pelo ex-funcionário da NSA, Edward Snowden



Presente na audiência pública, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse ter "certeza de que eles [EUA] fazem um monitoramento muito mais profundo" do que apenas de metadados, que são registros de acessos, referentes a informações como horários e números de ligações ou endereços de e-mails. Para o ministro, o caso de espionagem norte-americana reforça a necessidade de o Brasil criar um Marco Civil da Internet mais avançado.

;Após ter sido informado de que foi monitorado pelos Estados Unidos, o governo da Alemanha anunciou nesta semana medidas como a obrigatoriedade de armazenamento de banco de dados de empresas [de internet, como Google e Facebook] no próprio país. Nós temos de fazer o mesmo, e isso pede uma medida legislativa;, disse o ministro ao defender que as medidas constem no Marco Civil.

O diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações (DSIC), do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Raphael Mandarino Júnior, informou que o órgão registra cerca de 2.100 incidentes por hora, em redes do governo federal na internet. Parte desses incidentes estão relacionados a tentativas de coleta de informações nos bancos de dados do governo.

;O que não se consegue resolver é enviado à minha equipe. São cerca de 60 incidentes por dia. Nosso expediente não termina até que os solucionemos;, disse o diretor do GSI, que elogiou alguns sistemas de segurança de informação, em especial algoritmos, desenvolvidos em parceria com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). ;Há algoritmos usados há cerca de 12 anos sem que nunca tenham sido quebrados. Por isso eles serão colocados à disposição de toda a segurança pública;, acrescentou. ;[Até porque] qualquer celular é uma janela para atacar qualquer rede;, completou.

De acordo com o diretor do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações da Abin, Otávio Carlos Cunha da Silva, um dos algoritmos citados por Mandarino protege há três anos as comunicações do Estado brasileiro. ;O domínio de tecnologias é a grande solução [para evitar problemas de monitoramentos indesejados de informações do Estado];, reiterou o representante da Abin.