O primeiro a prestar depoimento foi o Coronel Valter Alves Mendonça. O militar - que atualmente não está na ativa - informou que os policiais receberam autorização para entrar no Pavilhão 9 do presídio. "O Secretário de Segurança nos disse que, se fosse necessário entrar no Pavilhão 9, que estávamos autorizados", afirmou. "Meu grupo ficou responsável por entrar no segundo andar. Havia muitas barricadas quando invadimos" acrescentou.
Na ocasião, o militar afirmou que os policiais estavam sem arma não letal, só possuíam revólver e submetralhadora."Nós gritávamos para eles entrarem na cela. Vimos muitos clarões de estampidos vindo na nossa direção. Tivemos que revidar. Houve troca de tiros com indivíduos que estavam no fundo do corredor", contou. O coronel disse que a tropa de 400 homens, não tinha treinamento específico para entrar em presídios, mas que elaboraram um plano de ação antes da invasão.
Mendonça citou que chegou a socorrer os presos feridos. Ressaltou que ele e outros policiais foram agredidos com estiletes e pauladas.
O promotor chegou a questionar se o réu conhecia tenente-coronel Luiz Nakaharada, que na época comandou a invasão da Rota no 3; pavimento do presídio. "Conheço, sim. É um dos meus ídolos", respondeu o réu. Nakaharada deve ser julgado na última etapa do júri. Ele é o único que responde individualmente pela morte de cinco pessoas. Além do tenente-coronel, Valter afirmou que conhece o soldado Cirineu Letang, que participou da invasão. Cirineu é acusado de matar dezenas de travestis.