Jornal Correio Braziliense

Brasil

Caixa não deve ser responsabilizada pelo tumulto do Bolsa Família

Segundo a PF, não houve ação orquestrada para divulgação dos rumores levantados sobre o caso

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse, na manhã desta terça-feira (16/7), que não vê motivos para uma responsabilização criminal ou administrativa da Caixa Econômica Federal pelo tumulto nas agências do banco estatal depois que um boato de que o Bolsa Família iria acabar. Na última sexta-feira (12/7), a Polícia Federal concluiu inquérito sobre o caso e afirmou que não houve ação orquestrada para divulgação dos rumores, o que em outras palavras, deixou a Caixa, que antecipou o pagamento do benefício sem avisar à população, como a principal responsável pela confusão.

[SAIBAMAIS];A PF fez uma apuração criteriosa, rigorosa e isenta. Naturalmente tudo aquilo que poderia ser investigado foi investigado. Tudo indica que houve uma coincidência de causas;, disse, acrescentando que a PF não encontrou motivos para sugerir o indiciamento de nenhuma autoridade, inclusive da Caixa. Em 18 e 19 de maio, houve uma correria às agências da Caixa, principalmente no Nordeste, de milhares de beneficiários do programa, o que acabou inclusive em quebradeira de caixas.



Logo após o início da confusão, a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, insinuou em sua conta do Twitter que os rumores sobre o fim do programa foram iniciados pela oposição. ;Boatos sobre fim do bolsa família devem ser da central de notícias da oposição. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política;, escreveu.O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também declarou que os boatos eram frutos de um ;terrorismo eleitoral;.

A Polícia Federal, no entanto, concluiu que não houve crime no caso dos boatos ; um desfecho constrangedor para petistas, que chegaram a acusar a oposição de espalhar os rumores. Para a PF, o ;boato foi espontâneo;. Os investigadores ouviram 180 beneficiários de 11 estados, onde foi maior o tumulto causado pelos rumores sobre o fim do programa, inclusive com quebradeira de caixas. Os saques começaram às 11h, de 18 de maio e se estenderam até o dia seguinte, quando a informação de que o Bolsa Família não seria suspenso acalmou os beneficiários. Também foram ouvidos 64 gerentes de agências da Caixa. As cidades de Ipu (CE) e Cajazeiras (PB) foram as que registraram, proporcionalmente, o maior volume de saques.

Os beneficiários alegaram que correram às agências ao saber da antecipação do pagamento, de um possível adicional em virtude do dia das mães e do falso cancelamento do programa. A PF chegou à conclusão que as redes sociais não foram responsáveis pela origem do boatos e apenas reproduziram notícias veiculadas pela imprensa sobre o tumulto e espalhar que o pagamento foi liberado antecipadamente. A hipótese de que empresa de telemarketing e rádios comunitárias foram contratadas para a disseminação da informação também foi descartada. A PF chegou a tratar essa linha de investigação como a principal.

O desfecho constrangedor para petistas já se desenhava nas duas semanas seguintes ao tumulto, quando a Caixa Econômica admitiu que havia dado uma informação errada à imprensa ao alegar que houve antecipação do pagamento do programa para acalmar os beneficiários assustados com a possibilidade de o programa acabar. Na semana seguinte, o banco estatal disse que o pagamento foi antecipado antes da confusão porque estava corrigindo dados cadastrais dos beneficiários, o que levou a oposição a acusar a Caixa pela confusão.