Apesar de pacificada e com uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), o tráfico de drogas ainda continua na Favela da Rocinha. Para combater o problema, as polícias Civil e Militar fazem hoje (13) uma operação para prender 58 pessoas suspeitas de atuarem no comércio de drogas na comunidade, localizada na zona sul da capital fluminense. A favela, que é uma das maiores do Brasil, tem uma UPP desde setembro de 2012.
Os mandados de prisão, por crimes como corrupção ativa, associação para o tráfico e porte ilegal de armas, foram expedidos pela 35; Vara Criminal da Capital. Até o início da tarde, 19 pessoas foram presas na operação, das quais 18 tinham já estavam com pedidos de prisão. As investigações contra a quadrilha foram iniciadas pela Delegacia de Polícia Civil da Gávea (bairro vizinho à Rocinha) no final de março deste ano.
Por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, os policiais identificaram que a venda de drogas na Rocinha continua ocorrendo e rendendo cifras milionárias aos criminosos. A quadrilha, segundo a Polícia Civil, está dividida em dois grupos, uma parte responsável pela parte baixa da favela, a mais lucrativa, e outra domina a parte alta.
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Os chefes de cada grupo respondiam a Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso durante ocupação da Rocinha, no final de 2011. Mesmo preso, ele ainda chefia o comércio de drogas, por meio de um comparsa.
A ação foi desencadeada hoje porque, segundo a Polícia Civil, o chefe da quadrilha da parte alta da comunidade pretendia atacar o grupo da parte baixa e assumir o controle total da Rocinha neste final de semana. ;Durante o inquérito, tivemos a informação do risco de ter uma guerra na Rocinha. A operação foi deflagrada com o objetivo de evitar esta guerra, uma vez que, uma das finalidades da ocupação do território [pela polícia] é justamente evitar que conflitos entre grupos rivais não aconteçam;, disse o titular da Delegacia da Gávea, Orlando Zaccone.
Segundo a polícia, vários pontos de venda de drogas foram identificadas na favela durante a investigação. Um mapeamento da Delegacia Policial da Gávea mostrou pelo menos 25 áreas da comunidade onde o comércio de entorpecentes ocorre. Zaccone disse que criminosos ainda atuam armados, para defender seus pontos de venda.
;Eles trabalham mais com armas menores, como pistolas. Alguns armamentos mais pesados [como fuzis] são colocados na rua durante a madrugada. Mas tudo é muito bem guardado durante o dia. Infelizmente ainda não conseguimos fazer a apreensão do material;, declarou o delegado.
Segundo Zaccone, hoje, com a presença de policiais da UPP, os pontos de venda são mais itinerantes em vez das ;bocas de fumo; fixas do passado. Ele explicou que os criminosos hoje, na Rocinha, se comunicam por meio de mensagens de texto de celulares, para monitorar e avisar sobre a movimentação da polícia dentro da favela.