São Paulo ; O diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Oscar Vilhena Vieira, disse nesta segunda-feira (24/6) que os protestos protagonizados pela população brasileira nas últimas duas semanas partem de três pontos de descontentamento e desconforto. O primeiro está relacionado com a discrepância entre os direitos estabelecidos juridicamente e o que as pessoas experimentam diariamente, e entre as expectativas estabelecidas pelas elites políticas e a realização de um bem-estar prometido, mas que não existe.
Palestrante no debate Eclosão das Manifestações Sociais, o diretor disse há ausência de identificação e uma enorme frustração com relação ao sistema de representação política e descontentamento com a forma de gestão da cidade e da mobilidade. ;Temos a percepção de que as pessoas exigem uma nova forma de gestão do espaço urbano;. Vilhena ressaltou que é preciso identificar o que é preciso fazer para que os munícipes se apropriem de sua cidade em termos políticos, a partir de uma reconfiguração dos modelos de democracia no âmbito local.
O vice-presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da FGV, Lucas Borges, que participou de alguns dos protestos, disse ter ficado chateado com as agressões aos partidos e movimentos sociais. ;O que vi lá e li de relatos foram atos de profunda ignorância política do cidadão comum, que tinha razão porque tem recebido pancada dos partidos, mas não se pode tirar todo mundo do poder;.
Lúcia Nader, diretora da organização não-governamental Conectas Direitos Humanos, disse que a reação ao comportamento da Polícia Militar durante a manifestação de quinta-feira, quando diversos manifestantes foram feridos, é uma forma de lutar pela liberdade de expressão e manifestação. ;Se questionou a política de segurança pública que não é mais viável, nem para aqueles que concordam conosco politicamente e nem para aqueles que eventualmente concordam;. Lúcia destacou ainda que de alguma maneira as pessoas estão nas ruas pedindo por pontos que são direitos de qualquer pessoa, como mobilidade, saúde, educação.
[SAIBAMAIS] Aluno de direito da FGV no Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos, atua como analista de mídia e destacou que as demandas que estão nas ruas, nos protestos, estavam nas redes sociais antes, mas a internet vinha sendo pensada como algo à parte da sociedade brasileira e não era necessário prestar atenção. ;Mas nós sabíamos que a internet estava nas comunidades carentes, nas lan houses, que foram um fator fundamental para levar a internet a todos os lugares do Brasil;.
Lemos destacou que até o momento as autoridades não discutiam o que aparecia nas redes sociais, ao contrário do que acontecia com os jornais, que pautavam a agenda de discussão do dia. ;Entretanto por trás de algumas das ideias colocadas na internet havia pessoas que não estavam contentes expressando sua opinião. Aí elas expressaram cada vez mais, foram ignoradas cada vez mais e resolveram partir para as ruas. É fascinante que o transporte público tenha sido o estopim porque isso é a síntese dos problemas que o país vive hoje;.
O aluno falou que tudo o que acontece na rede e nas mídias sociais tem um círculo de atenção muito rápido. ;Por isso a janela de oportunidades que temos para fazer alguma coisa no Brasil é brevíssima, que pode durar duas semanas, com todas as manifestações sendo apenas uma grande memória em vídeos nas redes sociais que ninguém mais acessa porque tem coisas mais interessantes para ver;, destacou. Segundo ele, é preciso entender que o movimento e as manifestações não são autossustentáveis, nem na sociedade, nem na mídia.
Palestrante no debate Eclosão das Manifestações Sociais, o diretor disse há ausência de identificação e uma enorme frustração com relação ao sistema de representação política e descontentamento com a forma de gestão da cidade e da mobilidade. ;Temos a percepção de que as pessoas exigem uma nova forma de gestão do espaço urbano;. Vilhena ressaltou que é preciso identificar o que é preciso fazer para que os munícipes se apropriem de sua cidade em termos políticos, a partir de uma reconfiguração dos modelos de democracia no âmbito local.
O vice-presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da FGV, Lucas Borges, que participou de alguns dos protestos, disse ter ficado chateado com as agressões aos partidos e movimentos sociais. ;O que vi lá e li de relatos foram atos de profunda ignorância política do cidadão comum, que tinha razão porque tem recebido pancada dos partidos, mas não se pode tirar todo mundo do poder;.
Lúcia Nader, diretora da organização não-governamental Conectas Direitos Humanos, disse que a reação ao comportamento da Polícia Militar durante a manifestação de quinta-feira, quando diversos manifestantes foram feridos, é uma forma de lutar pela liberdade de expressão e manifestação. ;Se questionou a política de segurança pública que não é mais viável, nem para aqueles que concordam conosco politicamente e nem para aqueles que eventualmente concordam;. Lúcia destacou ainda que de alguma maneira as pessoas estão nas ruas pedindo por pontos que são direitos de qualquer pessoa, como mobilidade, saúde, educação.
[SAIBAMAIS] Aluno de direito da FGV no Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos, atua como analista de mídia e destacou que as demandas que estão nas ruas, nos protestos, estavam nas redes sociais antes, mas a internet vinha sendo pensada como algo à parte da sociedade brasileira e não era necessário prestar atenção. ;Mas nós sabíamos que a internet estava nas comunidades carentes, nas lan houses, que foram um fator fundamental para levar a internet a todos os lugares do Brasil;.
Lemos destacou que até o momento as autoridades não discutiam o que aparecia nas redes sociais, ao contrário do que acontecia com os jornais, que pautavam a agenda de discussão do dia. ;Entretanto por trás de algumas das ideias colocadas na internet havia pessoas que não estavam contentes expressando sua opinião. Aí elas expressaram cada vez mais, foram ignoradas cada vez mais e resolveram partir para as ruas. É fascinante que o transporte público tenha sido o estopim porque isso é a síntese dos problemas que o país vive hoje;.
O aluno falou que tudo o que acontece na rede e nas mídias sociais tem um círculo de atenção muito rápido. ;Por isso a janela de oportunidades que temos para fazer alguma coisa no Brasil é brevíssima, que pode durar duas semanas, com todas as manifestações sendo apenas uma grande memória em vídeos nas redes sociais que ninguém mais acessa porque tem coisas mais interessantes para ver;, destacou. Segundo ele, é preciso entender que o movimento e as manifestações não são autossustentáveis, nem na sociedade, nem na mídia.