Jornal Correio Braziliense

Brasil

Governo negocia libertação de biólogos sequestrados por índios no Pará

Índios da etnia Munduruku sequestraram três biólogos que faziam estudo de impacto ambiental. Governo federal tenta negociar



Cerca de 150 índios mundurukus sequestraram, na tarde de sexta-feira, três biólogos contratados pela Eletrobras. Os pesquisadores faziam estudo de impacto ambiental para instalar a hidrelétrica São Luís Tapajós e Jatobá, no Pará, operada por um consórcio formado pelas empresas Eletronorte, Camargo Correia, GDF Suez e Eletrobras. Os índios amarraram os biólogos, e, até o fechamento desta edição, eles não haviam sido libertados. Eles reclamam de desrespeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que determina que os indígenas devem ser sempre consultados antes de qualquer decisão tomada pelo poder público e que possa afetá-los. O grupo exige conversar com um representante da Eletrobras e alega que vão confiscar o material de pesquisa coletado até agora.

Os biólogos sequestrados pelos índios eram contratados pela empresa Concremat, terceirizada pela Eletrobras. Segundo nota oficial da estatal, Djalma Nóbrega (mastozoólogo), Luiz Peixoto (ictiólogo) e José Guimarães (ictiólogo) estavam na região de Mamãe-Anã, realizando estudos de fauna e flora para licenciamento socioambiental para o ;possível Aproveitamento Hidrelétrico de Jatobá;. Ainda de acordo com a nota, nenhum dos lugares visitados pelos pesquisadores é terra indígena. ;É importante ressaltar que tais estudos são benéficos para a sociedade brasileira, pois permitem que se conheça melhor a fauna e flora locais;, justifica a nota. No final da tarde, um técnico da empresa Oi, que não teve seu nome divulgado, foi ao local conversar com os biólogos e acabou sendo também retido pelos índios.

Diante da situação, o governo federal decidiu enviar um grupo de sete representantes da Secretaria-Geral da Presidência, do Ministério da Justiça e do Ministério de Minas e Energia para tentar negociar a liberação dos presos. Eles viajaram no final da tarde de ontem, mas em vez de irem a Jacareacanga, onde estão os índios e reféns, foram para Itaiatuba, distante cerca de 350 km. Por estarem em desvantagem numérica, o grupo avaliou que seria arriscado a abordagem direta e solicitou o acompanhamento de uma equipe de segurança. A Secretaria-Geral não soube informar se seria um efetivo da Polícia Federal ou Força Nacional.