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Sem policiamento, mascarados vandalizam Centro de Belo Horizonte

Depois de promover quebradeira na Avenida Antônio Carlos, vândalos atacaram o prédio da prefeitura, destruíram o relógio da Copa na Praça da Liberdade, depredaram ônibus e disseminaram pânico no Centro


Uma onda de vandalismo tirou o tom pacífico das manifestações realizadas ao longo desta terça-feira em Belo Horizonte. Um grupo separado dos manifestantes jogou bombas e tentou quebrar a porta da prefeitura por volta das 22h. O grupo depredou parte do prédio. Disperso da mobilização que ocorria simultaneamente na Praça da Liberdade, outro grupo destruiu o Relógio da Copa. De volta à Praça Sete, o mesmo grupo de vândalos depredou ônibus e promoveu terror entre motoristas e passageiros de coletivos no cruzamento da Rua Espírito Santo com a Avenida Afonso Pena. Não havia policiamento nas imediações durante os ataques.

Os manifestantes estavam reunidos na Praça Sete desde às 18 horas. Por volta das 20h, um grupo se dividiu e seguiu até a porta da prefeitura, enquanto outro marchou até a Praça da Liberdade. O clima seguia com tranquilidade na frente da prefeitura até que algumas pessoas, com os rostos cobertos, começaram a jogar bombas. A cada explosão, muitas pessoas corriam desesperadas. Em determinado momento, um dos explosivos foi jogado contra o prédio. O jovem que arremessou o artefato foi contido com agressividade por outros manifestantes.


Inúmeros manifestantes se mostraram contrários à ação de vandalismo e começaram a gritar palavras de ordem em favor da paz. ;Sem violência, sem violência;, repetiam em coro. Porém, não foram atendidos. Os mesmos vândalos continuaram a jogar pedras e pedaços de madeiras contra o prédio. Uma rampa de madeira acabou incendiada.

O grupo rapidamente se dispersou e retornou à concentração na Praça Sete. Um rastro de muita sujeira e estilhaços de vidro se formou na calçada da prefeitura. Muito resto de lixo queimado marcava o local onde uma fogueira havia sido acesa no meio da avenida.

Grupo mascarado
Estudantes que não quiseram se identificar afirmaram que o ataque ao relógio da Praça da Liberdade que marca a contagem regressiva para início da Copa 2014 foi protagonizado pelo mesmo grupo que promoveu quebradeira no começo da noite na Avenida Antônio Carlos. Tal grupo seria formado por pessoas mascaradas e alguns punks.

Os estudantes ouvidos pela reportagem do em.com afirmam que o grupo mascarado se infiltrou entre os manifestantes. Algumas pessoas tentaram conter o ataque ao relógio, mas não conseguiram evitar os estragos. "Dava para ver, claramente, que esse grupo queria promover apenas a desordem. Os manifestantes gritavam e tentavam contê-los, mas eles só queriam tacar fogo em lixo e ameaçar motoristas de ônibus", relatou o advogado Breno Romanini, que acompanhava o protesto na Praça da Liberdade e se surpreendeu com as cenas de vandalismo que presenciou.

Pouco depois, o grupo de punks e mascarados foi visto fechando o cruzamento da Rua Espírito Santo com a Avenida Afonso Pena. A reportagem flagrou alguns integrantes, que destoam dos manifestantes concentrados na Praça Sete, arremessando pedras contra carros que passavam pelo local e hostilizando motoristas e passageiros de ônibus.

Integrantes deste grupo anônimo subiram em cima de um coletivo e começaram a depredar o veículo. Quebraram a porta, esvaziaram pneus, e do sobre o teto arremessavam bombas na rua. Passageiros se mostravam assustados, principalmente quando alguns dos vândalos invadiram o ônibus. Em seguida, outro coletivo foi atacado. Assustados, motoristas avançavam sobre o canteiro central da Avenida Afonso Pena para evitar passar pelo trecho em que os vândalos promoviam quebradeira.

Vandalismo na Avenida Antônio Carlos
O protesto que começou pacífico na Avenida Antônio Carlos também teve momentos de tensão. Pessoas mascaradas e punks fecharam algumas ruas que dão acesso à avenida e atiraram pedras em outdoors, além de derrubar cones e placas de trânsito. Um ônibus tentou furar o bloqueio e teve o vidro quebrado.