Mais de 250 mil pessoas confirmaram presença, pelo Facebook, no quinto dia de protesto contra o aumento no preço das passagens em São Paulo, que deve começar às 17h desta segunda-feira (17/6), no Largo da Batata, na Zona Oeste de São Paulo. Nesta manhã, uma reunião entre a cúpula de segurança pública de São Paulo e líderes do Movimento Passe Livre (MPL) buscou definir um trajeto e procedimentos para que a manifestação ocorra de forma pacífica. A previsão é de que os manifestantes definam a rota do protesto e informem à Polícia Militar. A Secretária de Segurança Pública do Estado garantiu que não haverá uso de armas com balas de borracha.
O objetivo principal do encontro desta manhã é evitar conflitos entre o grupo e a polícia, como o ocorrido na quinta-feira (13/6), no qual mais de 200 pessoas foram detidas. Na ocasião, uma forte repressão policial tentou impedir que os manifestantes chegassem à Avenida Paulista. Disparos de balas de borracha acabaram ferindo diversas pessoas, inclusive jornalistas, além do rastro de destruição que foi deixado pela cidade.
Apesar da garantia do não uso de balas de borracha, os policiais poderão utilizar gás lacrimogêneo, spray de pimenta e bombas de efeito moral. Haverá, por sua vez, maior diálogo entre a liderança dos movimentos e o comando da PM. O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, garantiu que estará em contato com o comandante-geral sobre as decisões tomadas em rua.
Além de três representantes do MPL, participaram da reunião, que durou uma hora e meia, três representantes do Ministério Público, além de integrantes de movimentos religiosos. Segundo Grella, ficou acertando que o trajeto a ser feito hoje pelos manifestantes, será definido pouco antes do início da concentração, que ocorrerá no Largo da Batata, zona oeste da capital, às 17h. ;Ficou acertado que a divulgação do trajeto será apenas no local da saída do movimento;, disse.
Segundo o promotor de Justiça, Urbanismo e Arquitetura, Maurício Ribeiro Lopes, o cumprimento do acordo entre a liderança dos movimentos e o comandante da Polícia Militar vai ser acompanhado pelo promotor de justiça Mário Malaquias. Com relação à ocupação da Avenida Paulista, questão que teria intensificado o conflito entre PMs e manifestantes durante o último protesto, ficou acertado que ela poderá ser ocupada, embora o MP não concorde. ;O Ministério Público ponderou a preservação da Avenida Paulista, por se tratar de uma artéria que liga a 30 hospitais da cidade. A liderança também ficou de ponderar sobre isso;, declarou.
Mayara Vivian, que faz parte da liderança do MPL, disse que a manifestação de hoje será pacífica. ;A Secretaria de Segurança Pública se comprometeu de que não haverá repressão, de que a PM não vai repetir o cenário de guerra que a gente teve. Garantiu que não haverá prisões preventivas, como a gente teve nos outros atos;, disse.
Entenda o caso
Uma série de protestos em São Paulo começou no dia 3, após o reajuste nas tarifas de trem, Metrô e ônibus, que aumentou o valor das passagens de R$ 3 para R$ 3,20. O aumento, anunciado em 22 de maio pela Prefeitura e o governo do estado, foi de 6,7%. A manifestação bloqueou faixas da Estrada do M;Boi Mirim, na Zona Sul de São Paulo. No dia 6, o movimento ganhou mais adeptos e, durante o protesto, muros e pontos de ônibus foram pichados na Avenida Nove de Julho e as marcas de vandalismo seguiram até a Paulista, onde prédios tiveram vidros quebrados. Estabelecimentos da região fecharam as portas por receio do confronto. Para conter os manifestantes, a PM usou gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha, o que provocou correria. O Movimento Passe Livre negou que tenha participado dos atos de vandalismo, apenas da manifestação pacífica. Pelo menos 15 pessoas foram detidas.
[SAIBAMAIS]Na sexta-feira (7/6), após novo confronto com a PM, na Marginal Pinheiros, integrantes do MPL seguiram até a Avenida Paulista e só deixaram a região depois das 3h do sábado (8/6). Os policiais conseguiram impedir por algum tempo a ocupação da via, que tem trânsito bastante movimentado, mas os cerca de 200 manifestantes, segundo a PM, voltou a ocupar a Paulista novamente. Bombas de efeito moral foram lançadas e houve uso de força, mas ninguém chegou a ser detido, já que houve negociação em seguida.
Cerca de cinco mil manifestantes voltaram a ocupar as ruas e avenidas da região central de São Paulo no dia 11 e, mais uma vez, o vandalismo assustou a população. Ônibus foram quebrados e vários prédios foram pichados. Houve confronto com a polícia, que utilizou balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, 20 pessoas foram presas e aos menos quatro pessoas ficaram feridas, entre elas dois policiais.
Vandalismo, confronto com a polícia e prisões também foram registrados, desta vez com mais intensidade, no dia 13. Além de manifestantes, pessoas que tentavam fugir do protesto e ir para casa acabaram feridas. A forte repressão policial impediu que o grupo chegasse em massa à Avenida Paulista e 200 pessoas foram detidas, incluindo jornalistas, que acabaram atingidos por balas de borracha. Mais de cinco mil protestaram. Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha.
Com informações da Agência Brasil