A cúpula de segurança pública de São Paulo se reuniu nesta manhã de segunda-feira (17/6) com líderes do Movimento Passe Livre (MPL) na tentativa de definição de um trajeto e procedimentos para que a manifestação prevista para hoje possa ocorrer de forma pacífica e organizada. O objetivo principal é evitar conflitos entre o grupo e a polícia, como o ocorrido na quinta-feira (13/6), no qual mais de 200 pessoas foram detidas. Na ocasião, uma forte repressão policial tentou impedir que os manifestantes chegassem à Avenida Paulista. Disparos de balas de borracha acabaram ferindo diversas pessoas, inclusive jornalistas, além do rastro de destruição que foi deixado pela cidade.
Na tarde desse domingo (16/6), o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, e o comandante geral da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, concederam uma coletiva de imprensa para formalizar o convite feito ao MPL. ;Queremos que os manifestantes exerçam seu direito de protestar, de se manifestar;, explicou.
Segundo o secretário, a participação da imprensa é um dos pontos mais importantes a ser definido. Ele orientou os profissionais a usarem coletes de identificação, segundo a sugestão dos representantes da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematrográficos do Estado de São Paulo (Arfoc-SP).
Entenda o caso
Uma série de protestos em São Paulo começou no dia 3, após o reajuste nas tarifas de trem, Metrô e ônibus, que aumentou o valor das passagens de R$ 3 para R$ 3,20. O aumento, anunciado em 22 de maio pela Prefeitura e o governo do estado, foi de 6,7%. A manifestação bloqueou faixas da Estrada do M;Boi Mirim, na Zona Sul de São Paulo.
No dia 6, o movimento ganhou mais adeptos e, durante o protesto, muros e pontos de ônibus foram pichados na Avenida Nove de Julho e as marcas de vandalismo seguiram até a Paulista, onde prédios tiveram vidros quebrados. Estabelecimentos da região fecharam as portas por receio do confronto. Para conter os manifestantes, a PM usou gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha, o que provocou correria. O Movimento Passe Livre negou que tenha participado dos atos de vandalismo, apenas da manifestação pacífica. Pelo menos 15 pessoas foram detidas.
Na sexta-feira (7/6), após novo confronto com a PM, na Marginal Pinheiros, integrantes do MPL seguiram até a Avenida Paulista e só deixaram a região depois das 3h do sábado (8/6). Os policiais conseguiram impedir por algum tempo a ocupação da via, que tem trânsito bastante movimentado, mas os cerca de 200 manifestantes, segundo a PM, voltou a ocupar a Paulista novamente. Bombas de efeito moral foram lançadas e houve uso de força, mas ninguém chegou a ser detido, já que houve negociação em seguida.
Cerca de cinco mil manifestantes voltaram a ocupar as ruas e avenidas da região central de São Paulo no dia 11 e, mais uma vez, o vandalismo assustou a população. Ônibus foram quebrados e vários prédios foram pichados. Houve confronto com a polícia, que utilizou balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, 20 pessoas foram presas e aos menos quatro pessoas ficaram feridas, entre elas dois policiais.
Vandalismo, confronto com a polícia e prisões também foram registrados, desta vez com mais intensidade, no dia 13. Além de manifestantes, pessoas que tentavam fugir do protesto e ir para casa acabaram feridas. A forte repressão policiail impediu que o grupo chegasse em massa à Avenida Paulista e 200 pessoas foram detidas, incluindo jornalistas, que acabaram atingidos por balas de borracha. Mais de cinco mil protestaram. Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha.