Segundo a PF, 14 adultos e três jovens, todos índios, foram apreendidos durante a ação policial de quinta-feira (30). Os adultos foram ouvidos e liberados após serem indiciados pelo crime de desobediência, cuja pena varia de dois meses a dois anos. A PF diz também ter apreendido três armas de fogo, facões, facas e arcos e flechas em posse dos índios.
A reintegração de posse foi autorizada no início da noite dessa quarta-feira (29) pelo juiz substituto da 1; Vara Federal de Campo Grande, Ronaldo José da Silva. Segundo a PF, os índios resistiram à ação policial. Os índios, no entanto, dizem ter sido surpreendidos ainda de madrugada pela chegada dos policiais. A própria Superintendência da PF no estado confirmou à Agência Brasil que não conseguiu avisar o Ministério Público Federal e a Fundação Nacional do Índio (Funai) que iria cumprir a decisão judicial e retirar os índios da área.
A fazenda, que pertence ao ex-deputado estadual Ricardo Bacha, fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional, em 2010. Dos 17 mil hectares reconhecidos, os índios ocupam hoje apenas 3 mil hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial).
Uma primeira tentativa de desocupar a área foi abortada pela PF no último dia 20, quando os índios também resistiram à ação policial determinada pela Justiça que, diante do conflito, suspendeu a ordem de reintegração até que proprietários e índios realizassem reunião de conciliação. A reunião aconteceu na quinta-feira (29) e, como não houve acordo, o juiz Ronaldo José da Silva autorizou que a propriedade fosse desocupada.