Rio de Janeiro - Enquanto algumas mães da cidade já sentavam à mesa para o tradicional almoço de domingo, muitas vezes feito por elas mesmas, as de cerca de 200 crianças da Companhia Dançando para não Dançar recebiam hoje (12) um presente feito pelas filhas e filhos, que apresentaram uma coreografia na quadra da Rua Teixeira de Melo, no Morro do Pavão Pavãozinho, em Ipanema, na zona sul.
A maior parte das bailarinas e bailarinos mirins era da própria comunidade e do Cantagalo, favela vizinha, mas crianças de outras 12 comunidades onde o projeto se instalou nos últimos 18 anos também participaram.
Professor do projeto, o primeiro-bailarino do Theatro Municipal, Paulo Rodrigues, comandou a coreografia da música Aquele Abraço, de Gilberto Gil, que boa parte dos alunos apresentou pela primeira vez: "Cada monitor ensaiou com sua turma nas comunidades, e só juntamos todo mundo aqui. Deu muito certo e reuniu muita gente da comunidade".
A coreografia emocionou Paulo e as mães presentes: "Muitas mães viram seus filhos dançando pela primeira vez, porque estão sempre trabalhando. O rosto delas trazia uma emoção muito profunda. É muito gratificante como professor ver isso, porque a gente se considera um segundo pai para essas crianças", conta o professor, que dedica até sete horas por dia às aulas na Escola de Dança das Comunidades, no centro da cidade, e à sede do projeto no Pavão Pavãozinho.
Elisabeth Mororó, de 30 anos, que já tinha se acostumado a ver a filha Jéssica, de 5 anos, dançando animada pela casa desde que começou o projeto, há três meses, teve que segurar a emoção ao vê-la se apresentar com as outras crianças no Dia das Mães. "Toda hora ela está fazendo um passo diferente em casa, mas aqui foi maravilhoso", diz ela, que confessa ter sentido vontade de dançar ao ver sua pequena bailarina.
Jéssica pediu para entrar na dança de tanto ver Rômulo Pereira, dançarino do projeto e filho de Maiara Pereira, amiga de sua mãe. Maiara também é mãe de Samara Mello, que hoje é professora do Dançando. Orgulhosa, ela conta que ainda se emociona com os dois filhos, que foram os solistas da apresentação: "É muito bonito ver que eles se tornaram uma referência para os outros. Quando vejo os alunos, também me emociono", conta ela.
Enquanto Jéssica se intimidava e tentava esconder o rosto nas roupas da mãe, Thifany Alves, também de 5 anos, falou sem a menor vergonha: "Eu dancei para todas as mães. Para a minha mãe e para a minha avó". A mãe Daiana Alves disse que viu a criança dançar pela primeira vez e lembrou que ela própria tentou dançar balé: "Hoje não dá mais para mim, tenho vergonha. Mas para ela é muito bom, porque tem muita energia. Além disso, é outro lugar para ficar depois da creche, enquanto eu estou no trabalho".