Rio de Janeiro- O prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), atual sede da Polícia Civil, na capital fluminense, pode ser transformado em um memorial às vítimas da ditadura militar. O governador do estado, Sérgio Cabral, disse nesta quarta-feira (8/5) que aguarda projeto da Comissão Estadual da Verdade para tombar e criar um museu no local. Cabral participou da cerimônia de posse dos sete integrantes da comissão, na sede fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
"Da lista apresentada a mim, posso falar objetivamente pelo prédio do Dops. Vamos fazer lá um centro de memória;, disse Cabral, que também prometeu restaurar o imóvel. Para tombar o imóvel e fazer um museu, o governo espera que a comissão encaminhe um projeto. ;Não poderia deixar de registrar meu total apoio à proposta de referências físicas à memória. Isso no mundo inteiro é assim", disse e citou o Museu do Holocausto, em Berlim, na Alemanha.
O ex-presidente da seccional da OAB no Rio, presidente da Comissão Estadual, Wadih Damous, disse que além do memorial no Dops, será prioridade do órgão tomar depoimentos de ;perpetuadores; de crimes do regime, esclarecer desparecimentos emblemáticos como o do deputado Rubens Paiva e do estudante de Direito Fernando Santa Cruz, além da série de atentados que precederam a morte da secretária da OAB à época, Lyda Monteiro, ao abrir um pacote que explodiu.
Para comprovar os crimes, a Comissão Estadual reunirá material já levantado pelo Grupo Tortura Nunca Mais, documentos do Arquivo Público ; onde terá uma sala para trabalhar ; e também depoimentos. O primeiro testemunho será dado dia 23 de maio pela socióloga e ativista política Dulce Pandolfi. ;Ela já estava presa, já havia sido torturada e a elegeram para uma aula de tortura. Ou seja, não era para punir ou tirar informações, era para nada;, disse Damous.
O relatório conclusivo da comissão deve sair em dois anos e apontar para reformas nas polícias e na Forças Armadas. ;Os fatos do passado continuam acontecendo, não mais contra presos políticos, mas tortura é algo que continua acontecendo;, acrescentou.
Ao incorporar reivindicações do Coletivo RJ Verdade, Memória e Justiça, o objetivo é também mudar a denominação de ruas e pontes que tenham recebido nomes de generais e demais agentes do regime militar. A representante do coletivo, Ana Bursztyn Miranda, destaca, entre eles, a Ponte Costa e Silva (conhecida como Ponte Rio-Niterói). Para ela, ;a memória precisa ser exposta, e esses lugares não podem ser usados para homenagear violadores de direitos humanos;.
Ana também reforçou a revindicação para tombar espaços onde foram cometidos outros crimes da ditadura, como a Casa de Morte, em Petrópolis - de onde acredita-se que apenas uma presa política tenha escapado viva; a Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes- onde foram incinerados militantes, e o Estádio Caio Martins em Niterói, usado para manter 500 presos políticos.
A Comissão Estadual da Verdade é formada por seis pessoas: Álvaro Machado Caldas, ex-preso político, jornalista e professor da PUC-Rio; Eny Raimundo Moreira, coautora do livro Brasil: Nunca Mais e fundadora do Comitê Brasileiro pela Anistia; Geraldo Cândido da Silva, representante da Associação Nacional dos Anistiados Políticos (Anapap); Nadine Monteiro Borges, primeira coordenadora do Brasil na Corte Interamericana de Direiros Humanos, ex-assessora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Secretária Nacional de Promoção de Direitos Humanos e assessora da Comissão Nacional da Verdade; João Ricardo Dornelles, ex-preso político, coordenador-geral do Núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio, membro fundador da Cátedra Unesco Direitos Humanos e Violência e professor de Direito da PUC-Rio; e Marcelo Cerqueira, ex-deputado federal, ex-preso político, advogado de acusados com base na Lei de Segurança Nacional, durante a ditadura, procurador-geral do Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
"Da lista apresentada a mim, posso falar objetivamente pelo prédio do Dops. Vamos fazer lá um centro de memória;, disse Cabral, que também prometeu restaurar o imóvel. Para tombar o imóvel e fazer um museu, o governo espera que a comissão encaminhe um projeto. ;Não poderia deixar de registrar meu total apoio à proposta de referências físicas à memória. Isso no mundo inteiro é assim", disse e citou o Museu do Holocausto, em Berlim, na Alemanha.
O ex-presidente da seccional da OAB no Rio, presidente da Comissão Estadual, Wadih Damous, disse que além do memorial no Dops, será prioridade do órgão tomar depoimentos de ;perpetuadores; de crimes do regime, esclarecer desparecimentos emblemáticos como o do deputado Rubens Paiva e do estudante de Direito Fernando Santa Cruz, além da série de atentados que precederam a morte da secretária da OAB à época, Lyda Monteiro, ao abrir um pacote que explodiu.
Para comprovar os crimes, a Comissão Estadual reunirá material já levantado pelo Grupo Tortura Nunca Mais, documentos do Arquivo Público ; onde terá uma sala para trabalhar ; e também depoimentos. O primeiro testemunho será dado dia 23 de maio pela socióloga e ativista política Dulce Pandolfi. ;Ela já estava presa, já havia sido torturada e a elegeram para uma aula de tortura. Ou seja, não era para punir ou tirar informações, era para nada;, disse Damous.
O relatório conclusivo da comissão deve sair em dois anos e apontar para reformas nas polícias e na Forças Armadas. ;Os fatos do passado continuam acontecendo, não mais contra presos políticos, mas tortura é algo que continua acontecendo;, acrescentou.
Ao incorporar reivindicações do Coletivo RJ Verdade, Memória e Justiça, o objetivo é também mudar a denominação de ruas e pontes que tenham recebido nomes de generais e demais agentes do regime militar. A representante do coletivo, Ana Bursztyn Miranda, destaca, entre eles, a Ponte Costa e Silva (conhecida como Ponte Rio-Niterói). Para ela, ;a memória precisa ser exposta, e esses lugares não podem ser usados para homenagear violadores de direitos humanos;.
Ana também reforçou a revindicação para tombar espaços onde foram cometidos outros crimes da ditadura, como a Casa de Morte, em Petrópolis - de onde acredita-se que apenas uma presa política tenha escapado viva; a Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes- onde foram incinerados militantes, e o Estádio Caio Martins em Niterói, usado para manter 500 presos políticos.
A Comissão Estadual da Verdade é formada por seis pessoas: Álvaro Machado Caldas, ex-preso político, jornalista e professor da PUC-Rio; Eny Raimundo Moreira, coautora do livro Brasil: Nunca Mais e fundadora do Comitê Brasileiro pela Anistia; Geraldo Cândido da Silva, representante da Associação Nacional dos Anistiados Políticos (Anapap); Nadine Monteiro Borges, primeira coordenadora do Brasil na Corte Interamericana de Direiros Humanos, ex-assessora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Secretária Nacional de Promoção de Direitos Humanos e assessora da Comissão Nacional da Verdade; João Ricardo Dornelles, ex-preso político, coordenador-geral do Núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio, membro fundador da Cátedra Unesco Direitos Humanos e Violência e professor de Direito da PUC-Rio; e Marcelo Cerqueira, ex-deputado federal, ex-preso político, advogado de acusados com base na Lei de Segurança Nacional, durante a ditadura, procurador-geral do Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).