Rio de Janeiro ; Moradores da comunidade do Horto continuam vigilantes para a possibilidade de remoção de uma família de cerca de 20 pessoas. Uma barreira humana foi montada para evitar que um mandado de reintegração de posse, emitido pela 23; Vara Federal, fosse cumprido na manhã desta quarta-feira (3/4).
A barreira humana, que fazia vigília desde o início da manhã de hoje, foi desmobilizada por volta das 13h quando a presidenta da Associação de Moradores do Horto, Emília Souza, recebeu a informação de que o mandado não seria cumprido hoje. ;Mas vamos nos manter vigilantes. Se percebermos que o oficial de justiça está chegando com a polícia, avisamos os vizinhos e tentamos nos reunir o mais rápido possível;, disse Emília.
A mobilização envolveu dezenas de moradores, com apoio de integrantes de movimentos sociais e até indígenas que ocupavam o antigo Museu do Índio. Além disso, foi montada uma barricada feita com tapumes, vigas de metal e pedras.
Nas casas sob risco de remoção moram Delton dos Santos, 71 anos, e vários de seus parentes, entre os quais três crianças, de 3 a 8 anos de idade. A família é uma das 620 cujas casas ocupam o entorno do Instituto Jardim Botânico, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. A remoção foi reivindicada pela União na década de 80, sob a alegação de que as residências foram construídas dentro da área do parque, de acordo com o advogado da Associação de Moradores do Horto, Rafael da Mota.
As remoções foram pedidas à Justiça, em mais de 200 ações de reintegração de posse. O advogado conta que, apesar de ter ganhado todas as ações há alguns anos, a União decidiu recentemente suspender temporariamente a remoção das casas. Mesmo assim, a 23; Vara Federal resolveu decretar a remoção dessas quatro casas.
Max Luiz dos Santos, 45 anos, filho de Delton, conta que sua família vive há décadas no local e que seu avô ganhou o terreno da direção do Jardim Botânico quando trabalhava como agente florestal. ;Já ocupamos essa casa há cinco gerações, já que tenho um neto de 3 anos de idade. Se eu tiver que sair daqui, não temos para onde ir. Nossa família será desmantelada;, disse o morador.
Segundo ele, seu pai, que tem duas pontes de safena, passou mal e teve que ser hospitalizado há alguns dias. Em defesa da família, os moradores dizem que há alguns anos a própria União encomendou um estudo à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para viabilizar a regularização das mais de 600 casas. Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a União formasse uma comissão para determinar os reais limites do Jardim Botânico. Segundo o deputado federal Edson Santos (PT/RJ), cuja família mora na comunidade do Horto, o trabalho ainda não foi concluído, o que deve ocorrer neste mês.