Jornal Correio Braziliense

Brasil

Funasa critica falta de sensibilidade de gestores para educação em saúde

Na discussão temática, realizada no 4º Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública, outros problemas, como a falta de diálogo dos engenheiros responsáveis pelos projetos com educadores e com as populações locais, também foram apontados

Belo Horizonte ; Em um debate marcado pela presença de educadores, o consultor do Departamento de Saúde Ambiental da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), José Teixeira, criticou nesta quinta-feira (21/3) a falta de sensibilidade dos gestores brasileiros para a educação em saúde e afirmou que apenas uma sociedade mais mobilizada pode mudar esse quadro. Na discussão temática, realizada no 4; Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública, outros problemas, como a falta de diálogo dos engenheiros responsáveis pelos projetos com educadores e com as populações locais, também foram apontados.

"Como muitos gestores não têm compromisso com a transformação, eles acabam dificultando e embarreirando iniciativas mais transformadoras. Eles também fazem políticas públicas, serviços, programas e obras que têm pouco a ver com a demanda das pessoas e das comunidades e mais, com outros interesses. Não estão nem aí se a obra vai ter efetividade", criticou José Teixeira, que complementou: "É preciso que se faça tecnologias que o povo entenda, se aproprie, e que tragam resultados ambientais, sanitários e de justiça social".

Para Teixeira, ações institucionais para melhorar as posturas dos gestores podem ajudar, mas não são suficientes para encarar o problema: "Podem ser feitos programas de humanização, mas o gestor só vai se sensibilizar a partir da reivindicação da sociedade civil. Só quando a sociedade civil estiver mais mobilizada e organizada isso vai mudar".



O consultor defende que os técnicos da Funasa e de outro órgãos também sejam mais sensíveis ao lidar com a população. Segundo ele, o envolvimento deve ser de forma afetiva com as questões, para que seja criado um vínculo com a comunidade, que passará a reconhecê-lo: "Não se faz educação sem afeto, sem amor. E não se constrói a sociedade sem isso, sem garra".

Onivaldo Coutinho, coordenador de Educação Ambiental da Funasa, concordou que os gestores públicos e políticos muitas vezes representam entraves à implementação de políticas educacionais em favor do saneamento e do meio ambiente: "Não é fácil implementar uma cultura de saúde ambiental em instituições verticalizadas e em que os gestores não são sensíveis ao social. Mas é preciso dar o primeiro passo: o diálogo".

Outro ponto defendido pelos palestrantes foi a aproximação entre a área técnica e os educadores, que se refletiria em projetos mais humanizados. "Como o engenheiro pode pensar o projeto sem pensar que esses projetos são para pessoas, que têm desejos mas não estão sendo ouvidas? É preciso que haja investimento em iniciativas sociais", questionou Coutinho.