O Conselho Federal de Medicina (CFM) vai enviar à comissão do Senado que analisa a reforma do Código Penal um documento em que defende o direito da mulher de abortar até a 12; semana de gestação. O posicionamento é compartilhado por todos os 27 conselhos regionais de Medicina, representando, ao todo, 400 mil médicos no país. Atualmente, o aborto no país só é permitido no caso de risco à saúde da gestante ou quando a gravidez resulta de estupro. A decisão foi tomada durante o 1; Encontro Nacional de Conselhos de Medicina 2013, realizado entre 6 e 8 de março, em Belém.
Por meio de nota, o CFM defende a manutenção do aborto como crime, mas o conselho acredita que a lei deve rever o ;rol de situações em que há exclusão de ilicitude;. No direito penal, as causas que excluem a ilicitude são situações excepcionais definidas pelo Código Penal que retiram o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como criminosa.
Ainda de acordo com o órgão, a aprovação dos pontos propostos pela reforma do Código Penal não caracteriza a chamada descriminalização do aborto. ;O que serão criadas são ;causas excludentes de ilicitude;, ou seja, somente nas situações previstas no projeto em tramitação no Congresso, a interrupção da gestação não configurará crime. Atos praticados fora desse escopo deverão ser penalizados;, reforçou o comunicado.
A proposta que tramita no Senado prevê a interrupção da gestação nas seguintes situações: quando houver risco à vida ou à saúde da gestante; se a gravidez resultar de violação da dignidade sexual ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida; se for comprovada anencefalia ou anomalias graves e incuráveis no feto que inviabilizem a vida independente (quadro a ser atestado por dois médicos); ou por vontade da gestante, até a 12; semana de gravidez.