Jornal Correio Braziliense

Brasil

Grupos protestam contra nomeação de pastor à Comissão de Direitos Humanos

Marco Feliciano (PSC-SP) foi eleito na última quinta-feira (7), com os votos apenas de parlamentares da bancada evangélica

São Paulo ; Integrantes de movimentos sociais e grupos de defesa de negros e homossexuais participaram neste sábado (9/3), na capital paulista, de um ato de repúdio à nomeação do pastor Marco Feliciano (PSC-SP), à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Feliciano foi eleito na última quinta-feira (7), com os votos apenas de parlamentares da bancada evangélica. Segundo a organização do manifesto, pouco mais de 500 pessoas compareceram ao ato. A Polícia Militar não estava no local para dar uma estimativa de público.

[SAIBAMAIS]O pastor é acusado pelos manifestantes de ser homofóbico e racista. Segundo um dos organizadores do movimento, Luiz Ricardi, o pastor já demonstrou, com suas declarações contra negros e homossexuais, que não está apto a ocupar a posição para a qual foi eleito na Câmara. ;A posição de deputado e pastor não dá a ele o direito de expressar certas opiniões. Temos direitos e perante a lei somos todos iguais. Ele não pode usar a crença dele para influenciar as pessoas contra negros e homossexuais.;


Ricardi disse ainda que não há como uma pessoa como deputado, que demonstra repúdio às minorias, defender esses grupos. ;Não estamos julgando o fato de ele ser pastor ou a religião dele, mas como ele está usando a posição que tem para influenciar a população;. Segundo ele, a esperança dos manifestantes é a de que a eleição do pastor seja reavaliada e ele renuncie ao cargo.

Bruno Vieira Maia, que também integra a organização do ato, falou que o protesto pretende chamar a atenção do Congresso Nacional e mostrar que as pessoas não estão alheias ao que acontece nas Casas. ;Queremos que haja uma mudança de comportamento lá, principalmente aqueles que pensam apenas em interesses de grupos pequenos e não daqueles que eles realmente deveriam representar.;

Para ele, a eleição de Feliciano para a função na comissão é um retrocesso e é preciso que os direitos humanos tenham à frente uma pessoa que de fato se importe com as minorias. ;Há uma massa conservadora que ajuda a colocar esse tipo de fundamentalista nessas posições importantes. Não somos contra os evangélicos, mas somos contra declarações preconceituosas;.

No dia da eleição, Feliciano disse que vai propor a criação de um minigrupo para debater ;todos os assuntos de forma bem democrática;. O pastor acrescentou que vai dar a resposta aos contrários ao seu nome trabalhando em defesa dos direitos humanos de todos os segmentos.

;O trabalho que vamos executar vai mostrar ao povo brasileiro que não sou homofóbico. E, caso cometesse esse crime [referindo-se a racismo], teria que pedir perdão, primeiramente, à minha mãe, uma senhora de matiz negra;, disse o parlamentar na ocasião. ;Quero lembrar que os direitos humanos são fundamentais. Sei o que é ser discriminado, sei o que se passa em nosso país;, discursou Feliciano.

Antes da votação, deputados do PT e do PSOL deixaram a reunião em protesto pela indicação do pastor.