Com duas horas seguidas à disposição para falar, o promotor Henry Vasconcelos expôs no começo da tarde desta quinta-feira (7/3) os argumentos dele contra o ex-goleiro Bruno e a ex-mulher dele, Dayanne Rodrigues. Os assistentes de acusação, José Arteiro e Sidnei Karpinski vão falar por 30 minutos. Na réplica (após a fala da defesa), o representante do Ministério Público vai dividir o tempo com os apoiadores, meio a meio.
Depois de um longo cumprimento aos jurados, citando nomes de um por um e dizendo a eles o privilégio que é estarem no conselho de sentença, Henry Vasconcelos, iniciou os argumentos voltado aos sete escolhidos. Muito firme, o promotor conta desde o início as ameaças de Bruno Fernandes a Eliza Samudio. Ele faz questão de citar as contradições do goleiro no que diz respeito à relação dele com a vítima. O acusado teria dito que teve apenas uma relação sexual com a ex-amante, mas o promotor trouxe ao plenário falas de Eliza para a polícia, antes da morte, em que ela afirma relações sexuais reiteradas.
[SAIBAMAIS]O promotor, focado na ação de Bruno, afirma que: o goleiro cuidou para que suas mulheres, empregados, primos e amigos, seu imóveis no Rio de Janeiro e Minas Gerais, seus veículos e seus recursos pudessem protagonizar a trama para atrair Eliza Samudio. O goleiro teria levado sua ;canalha quadrilha; a trazer Eliza para Minas Gerais. Atraiu a mulher ao Rio, providenciou o sequestro e de lá a trouxe a Minas Gerais para providenciar seu assassinato. Henry ainda chamou os envolvidos no crime de ;calhordas e covardes;.
Homem perigoso
O promotor traçou o perfil do goleiro Bruno como um homem perigoso, articulador de um esquema forte de tráfico de drogas entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mostrou em plenário que Bruno tinha contato direto com o criminoso Nem da Rocinha. Denegriu o goleiro e traçou a imagem dele como bandido. Para tal, usou a seguinte citação de Bruno para Eliza: ;Eu não quero esse filho. Você não sabe quem eu sou. Não sabe do que sou capaz, eu venho da favela.;
Henry detalhou o ordenamento de Bruno em trazer drogas da Rocinha para Ribeirão das Neves, na Grande BH, e insistiu nesse perfil de traficante do goleiro dizendo que agora ele mente tentando se inocentar. Henry lembrou aos jurados que no interrogatório em júri, Bruno já assumiu sua participação na trama contra Eliza. A declaração do promotor que gerou alvoroço no salão do júri foi: ;O futebol perdeu um goleiro razoável, mas um grande ator entrou para dramaturgia;, se referindo à falsidade do acusado.
O promotor mostrou conversas de Eliza Samudio com amigas, em que ela relata tentativas do goleiro Bruno em atraí-la para Minas Gerais. A mulher relata mudanças de comportamento do amante, que mudou de carinhoso a agressivo. Em uma das conversas a vítima diz sobre um convite de viagem: ;Terra do Bruno só com passagem de ida? Vão me matar lá. Não ri, o Bruno é maluco;, relata Eliza para uma amiga.
O promotor mostra que Eliza foi levada para o Rio de Janeiro e passou ser enrolada por esse ;canalha; (Bruno), que não queria fazer o exame de DNA. O goleiro fugia do exame e ganhava tempo. ;Ressalvados os momentos de bacanais e festas, Bruno não tinha tempo para se submeter aos exames;, afirma o promotor. A partir daí Eliza foi atraída a Minas com a promessa de Bruno fazer o teste de DNA. Bruno condicionou o exame de DNA também à retirada da queixa de agressão que Eliza fez na polícia. O jogador queria estar livre de problemas porque teria uma proposta do Milan, na Itália.