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Prima de Bruno diz que Eliza sabia 'coisas pesadas' sobre o goleiro

Segundo a testemunha, Macarrão riu quando Eliza disse para ela visitar a casa que ganharia, pois lhe daria "tudo do bom e do melhor"

Depondo há quase duas horas, a prima do ex-goleiro Bruno, Célia Aparecida Rosa Sales, relatou ter visto Eliza Samúdio no sítio do goleiro no dia do crime. O testemunho é dado no segundo dia de julgamento do ex-goleiro Bruno e da ex-mulher dele, Dayanne Rodrigues, em Contagem, Minas Gerais. Os dois são acusados pela morte e ocultação de cadáver da ex-amante do jogador Eliza Samúdio e pelo sequestro e cárcere privado do filho da jovem, Bruninho. Os crimes, segundo a polícia, ocorreram em 2010.

Célia contou ter conversado bastante com Eliza e que a vítima ajudou até a preparar comida que foi servida na chácara de Bruno, local que, segundo a polícia e o Ministério Público, serviu de cativeiro para Eliza e o bebê. Ela também informou que Eliza chegou a dizer que, se contasse as "coisas pesadas" que sabia de Bruno, a vida dele iria "acabar".

A testemunha relatou que não tinha certeza da data, mas que esteve no sítio do goleiro Bruno, primo dela, em Esmeraldas, durante o tempo em que Eliza Samúdio estava no local. Isso teria ocorrido entre os dias 9 e 10 de junho de 2010 (última data sendo apontada com a da morte de Eliza). As perguntas de Tiago Lenoir, advogado de Bruno, giram em torno deste período.



[SAIBAMAIS]A testemunha de defesa de Dayanne diz que chegou no sítio à noite. No dia seguinte, ela viu Eliza pela primeira vez em uma varanda. Enquanto eles tomavam banho de piscina, ela conversou com a ex-amante de Bruno. A jovem disse que conviveu pouco com a mãe ao longo de sua vida. As filhas de Bruno com Dayanne também estava no local. Uma delas, Bruna, dizia ;olha meu irmão; ao falar sobre o bebê Bruninho.

No entanto, durante a noite, Macarrão riu quando Eliza disse para Célia visitar a casa dela, pois lhe daria ;tudo do bom e do melhor;. A jovem teria ficado nervosa e reclamou ;Não sei porque esse gordo está rindo, porque se eu contar para o Bruno as coisas pesadas que eu sei dele, esta vida boa vai acabar;.

Naquela noite, Eliza, Macarrão e Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno, saíram de carro com Eliza. A jovem se despediu dele no carro. ;Vá com Deus;, disse o goleiro. Eles disseram que levaria Eliza para um apartamento. Depois disso, Macarrão e Jorge voltaram sozinhos para o sitio com Bruninho. ;Onde está a mãe dessa criança?; ; perguntou o goleiro. Eles disseram que Eliza precisou ir a São Paulo e pediu que eles cuidassem da criança até seu retorno. Durante esse tempo, Dayanne ficou com o bebê ;de quem teria cuidado como filho; e depois, quando ela voltou ao rio, a criança ficou com uma babá. Depois da saída de carro, Eliza não foi mais vista.

Célia Aparecida Rosa Sales é mãe do primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, réu do caso. O jovem aguardava em liberdade o julgamento por júri popular pelo sequestro, cárcere privado e assassinato de Eliza, mas foi morto em 22 de agosto, em crime que a polícia afirma ser passional.

Contradições

O medo de ser presa fez Célia Aparecida, prima de Bruno, mentir no primeiro depoimento prestado á Justiça no início das investigações do desaparecimento e morte de Eliza Samúdio. O promotor Henry Wagner Vasconcelos faz questão de apontar as contradições. A primeira foi indicada por Tiago Lenoir, defensor de Bruno. Mais cedo, ela disse que recebeu o bebê como filho de Bruno e, no depoimento colhido na época das investigações, disse que ficou sabendo da identidade da criança através da imprensa Ela respondeu que quando estava na delegacia na ocasião, e sem advogado, ;foi falando tudo o que deu na cabeça;.

No entanto, o promotor ressaltou que, segundo o processo, o advogado de Célia esteve presente no depoimento. Questionada, ela respondeu para ele que só foi ouvida oficialmente após a chegada de seu advogado, um amigo do pai dela. A prima de Bruno também disse que teve medo de ser presa na época. ;Nunca passei por uma situação como aquela;, disse no júri, um pouco nervosa, sobre o depoimento passado. O representante do Ministério Público perguntou, então, se ela teria motivos para ser presa, e ela respondeu que ;havia boatos;, e que poderia ser detida por ter ficado com a criança e ter levado ela para Coxinha, amigo de Bruno.