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MP pede que entrevista de primo de Bruno seja incluída no processo

A Juíza Marixa Fabiane Rodrigues deve avaliar o pedido ainda nesta semana. Primo de Bruno será ouvido no julgamento que começa em 4 de março

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) entrou com um pedido na Justiça, na tarde desta segunda-feira, para que a entrevista de Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro Bruno Fernandes e uma das testemunhas chaves do processo de sumiço e morte de Eliza Samudio, concedida nesse domingo ao programa Fantástico. A solicitação ainda será analisada pela juíza Marixa Fabiane Lopes.

Jorge quebrou o silêncio e apontou Macarrão como mandante do crime, mas não conseguiu livrar o ex-capitão do Flamengo da suspeita de ter articulado o assassinato de Eliza. Nervoso e reticente, ele respondeu às perguntas procurando incriminar Macarrão, chegando a dizer que o braço direito de Bruno queria matar a dentista Ingrid Calheiros, na época uma das namoradas e hoje mulher do goleiro.

;Ele falou que tinha que matar a Ingrid porque ela não fazia bem para o Bruno. Eu precisava de dinheiro e pensei em fazer isso, mas depois desisti;, disse Jorge. Pelo serviço, Macarrão pagaria R$ 15 mil a Jorge. O rapaz contou detalhes do sequestro de Eliza, que foi retirada de um hotel no Rio num carro com Macarrão e com ele. Jorge revelou que os dois deram socos no rosto da mulher durante uma discussão.

Quanto aos dias que antecederam a morte da ex-amante do atleta, período em que ela ficou no sítio de Bruno, em Esmeraldas, Jorge, na primeira parte da entrevista, apontou Macarrão como o articulador e mandante do assassinato, dizendo que Bruno foi pego de surpresa e não sabia de nada.

Essa versão foi mantida quando Jorge narrou detalhes da noite em que Eliza foi morta,o que ocorreu em 10 de junho de 2010. Ele disse que a mulher foi colocada em um carro junto com o filho Bruninho, Macarrão e ele, com a desculpa de que seria levada para um hotel e receberia R$30 mil. Guiados por um motociclista, que Jorge não identificou, mas que a polícia suspeita ser o ex-policial José Lauriano de Assis, o Zezé, Macarrão levou o carro até uma casa, onde Eliza entrou com o filho e foi assassinada.

Neste ponto, a versão do menor contradiz totalmente o que Macarrão declarou em seu julgamento,em novembro. Na ocasião,o amigo e confidente de Bruno afirmou ter levado até um homem, na Região da Pampulha. Esse desconhecido desceu de um carro preto e fez Eliza embarcar no veículo. Depois disso, a mãe de Bruninho não foi mais vista. Jorge também alterou o que ele mesmo disse à Justiça,em 2010,quando revelou os primeiros detalhes do caso.

Na entrevista de ontem, ele negou ter visto um homem estrangular Eliza. Na nova versão, Jorge disse que Macarrão entrou com Eliza e Bruninho numa casa e depois de 30 ou 40 minutos, só Macarrão saiu. Já no carro, Macarrão lhe contou que Eliza havia sido estrangulada pelo desconhecido e que, depois de morta, teria sido chutada pelo próprio Macarrão. Quanto a Bruninho, Jorge afirmou que a criança só não foi assassinada porque o executor de Eliza se recusou a praticar o crime.

Nessa segunda-feira, o advogado de Jorge, Eliézer Jônatas de Almeida Lima afirmou que está deixando a defesa de Jorge depois da entrevista.

Testemunhas
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) divulgou quantas pessoas irão ser testemunhas no júri popular do goleiro Bruno, que começa em 4 de março. Ao todo 15 pessoas foram arroladas, sendo que algumas delas foram intimadas por mais de uma das partes.

A acusação convocou o primo de Bruno Jorge Luiz Lisboa, a delegada Ana Maria, João Batista Alves Guimarães, Jailson Alves de Oliveira, e Renata Garcia da Costa, que foi ouvida por carta precatória. Já a defesa de Bruno arrolou Célia Aparecida Rosa Sales, Jorge Luiz Lisboa, Maria de Fátima Ruas Souto dos Santos, Anastácio Martins Barbosa e Amir Borges Matos.

E por último, Dayane convocou Saiver Junior Calixto, Célia Aparecida Rosa Sales, Lucy Gama Paulo César Batista dos Santos e Maria de Fátima Ruas Souto dos Santos.

Os primeiros réus do processo que investiga o sumiço e morte de Eliza Samudio foram julgados e condenados. Macarrão pegou 15 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado e a outros três pelo sequestro da vítima. Por ter confessado o crime, mesmo que parcialmente, conforme análise do Ministério Público, ele teve a pena de homicídio reduzida para 12 anos. Pela Lei de Execução Penal, ele deverá permanecer mais três anos preso em regime fechado, uma vez que já cumpriu mais de dois anos de prisão.

Já Fernanda foi condenada a três anos em regime aberto pelo sequestro de Bruninho, filho de Eliza, e a outros dois, também em regime aberto, pelo sequestro da jovem. Como o somatória das penas é superior a quatro anos, ela não pode ser regime aberto. Somente após cumprir 1/6 da pena (10 meses), a jovem pode ingressar no semi-aberto. Como já ficou quatro meses atrás das grades, Fernanda terá que ficar mais seis dormindo na penitenciária e realizando atividades externas durante o dia.

(Com informações de Flavia Ayer e Luana Cruz)