Jornal Correio Braziliense

Brasil

Estado reconhece influência de grupos criminosos dentro e fora de presídios

Crias do caos prisional e tratados com indiferença por governos que teimaram em negar publicamente sua existência, as facções criminosas encontraram espaço para crescer e se fortalecer no Brasil. A recente onda de violência em Santa Catarina, que já alcançou 37 municípios e mais de uma centena de ataques, obrigou autoridades locais a reconhecerem mais uma organização gestada nas entranhas do Estado. O Primeiro Grupo Catarinense, que se autodenomina PGC ao ordenar de dentro das cadeias os atentados nas ruas, soma-se a um mosaico de siglas que, de tempos em tempos, aterroriza a população. Do CV, abreviação de Comando Vermelho, criado em 1979 em Ilha Grande (RJ), até os dias atuais, há pelo menos 13 grupos no país merecedores da atenção dos setores de inteligência da segurança pública.

Em Foz do Iguaçu (PR), uma organização chamada Primeiro Comando Paranaense foi mapeada pelos órgãos de segurança. Em cadeias de São Luís e do interior, ficou confirmada a existência do Primeiro Comando do Maranhão. Na Bahia tem um braço forte do Primeiro Comando da Capital, conhecido por PCC, nascido na Casa de Custódia de Taubaté (SP). Sem contar as brigas internas que geraram, no Rio de Janeiro, os Amigos dos Amigos (ADA), os Inimigos dos Inimigos (IDI), os Amigos de Israel (AI), entre outros. Com exceção de um ou outro, seriam bandos indignos da preocupação estatal ou subestimá-los significa repetir um erro cometido no passado?

Policiais, procuradores e promotores de Justiça, administradores penitenciários, entidades ligadas à questão prisional, parlamentares e acadêmicos ouvidos pelo Correio são cuidadosos em tratar do assunto. Muitos exigem o anonimato e evitam pronunciar as siglas. É unânime, entretanto, a opinião da necessidade de vigilância total. Diretor-geral do Departamento Penitenciário do Paraná, Maurício Kuehne não esconde a realidade. ;Reconhecemos que existem facções criminosas dentro dos presídios, mas não entramos em detalhes por uma questão de segurança. Posso dizer que eles são monitorados;, afirma Kuehne, que é promotor de Justiça aposentado.