Familiares e amigos das vítimas do incêndio que deixou 234 mortos vão receber apoio psicológico de mais especialistas, garante o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Em comunicado feito nesta terça-feira (29/1), no Hospital da Caridade, em Santa Maria, Padilha informou que profissionais especialistas em saúde mental de Porto Alegre vão reforçar o atendimento já feito por psicólogos do município.
Participarão dessa ação 59 profissionais da força nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo nove funcionários do Albert Einstein, hospital de São Paulo, sendo seis enfermeiras e três médicos.
Nessa segunda-feira (28/1), 12 pessoas foram encaminhadas para centros médicos em Porto Alegre. A medida procurou aumentar o número de leitos em Santa Maria, que agora conta com 30 vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para caso pacientes tenham o estado de saúde agravado.
O Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) de Santa Maria tem realizado atendimentos por 24h à comunidade. Uma força-tarefa organizada pelo Ministério da Saúde terá a disposição um mapeamento da localização de familiares das vítimas e os hospitais onde os sobreviventes estão internados para que o serviço público seja feito da melhor forma. Segundo a coordenadora das Políticas de Saúde Mental do município, Adriana Krum, psicólogos, enfermeiros, médicos clínicos e plantões de psiquiatria participam do trabalho.
Diretriz para atendimento
Um protocolo de atendimento foi montado pelo ministério de Saúde em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande, para prestar assistência psicológica a familiares e vítimas do incêndio na boate Kiss. O documento foi inspirado no protocolo usado no atendimento após a queda do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.
Durante o primeiro contato com os pacientes o objetivo é fazer com que a pessoa consiga assimilar o eventro traumático. É preciso evitar a sobrecarga de informações sobre o indivíduo, sem encorajar, por exemplo, a repetição de detalhes de sua história.
Nas quatro primeiras semanas, os profissionais devem acompanhar o aparecimento de lesões, perda de apetite e reações emocionais, sempre evitando que os pacientes entrem em contato com informações sobre a tragédia através de meios de comunicação, o que pode reforçar o trauma.