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Ameaçados de despejo, moradores de assentamento ocupam Instituto Lula

Grupo garante que permanecerá no local até que a presidente Dilma Rousseff assine o decreto de desapropriação do Assentamento Milton Santos

, localizado em Americana (SP), a 130 quilômetros de São Paulo.

Além do instituto, onde estão cerca de 100 assentados, o prédio do Incra foi ocupado agricultores familiares. Na Avenida Paulista, manisfestantes se acorrentaram em frente ao escritório da Presidência da República, onde fazem greve de fome desde a tarde de ontem, em solidariedade às famílias do assentamento.

De acordo com Vandré Paladini Ferreira, advogado das famílias, a assinatura de decreto presidencial de desapropriação por interesse social seria a única forma de garantir a permanência das 70 famílias que vivem no assentamento de 103 hectares.

O proprietário do terreno ganhou liminar na Justiça assegurando a reintegração de posse. Até o final desta semana, uma decisão judicial poderá suspender o cumprimento da liminar, postergando o despejo, marcado para ocorrer daqui a sete dias. ;Mas isso não iria resolver a situação;, disse o advogado.

Segundo Paulo Albuquerque, coordenador do assentamento, a escolha do local da ocupação ocorreu porque as famílias acreditam que o ex-presidente pode interceder contra a ação de despejo. ;O Instituto Lula foi escolhido para pressionar a figura do Lula. Embora ele não faça parte mais do governo, a gente sabe da influência e poder político que ele tem, enquanto liderança;, explica.

O estudante de gestão ambiental Thomaz Rocha, 21 anos, que faz greve de fome, conta que conheceu o assentamento por meio de estágio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, que realiza ações e estudos com as famílias. ;Lá, eles produzem alimentos que abastecem mais de 30 entidades;, disse. Os manifestantes disseram que pretendem ficar acorrentados e em greve de fome até que a desapropriação seja assinada.

O conflito pela área do assentamento Milton Santos teve início em 1976, quando as terras foram confiscadas pelo governo para pagamento de dívida que a família Abdalla tinha com a União. Em 1996, a família ganhou na Justiça a retomada da propriedade, mas, segundo Paulo Albuquerque, a matrícula foi mantida em nome do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).



No final de 2005, o INSS passou a área para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que fez o assentamento das famílias. Com amparo na ação de 1996, a família Abdalla, entrou com pedido de reintegração de posse em maio de 2012. Ganhou e a desocupação está marcada para a semana que vem.