O presidente da Associação Nacional de Livrarias, Ednilson Xavier, qualificou a decisão de um juiz de Macaé, no norte do Rio de Janeiro, de recolher os exemplares dos livros Cinquenta tons de cinza de "assustadora".
Para ele, a ação é um tipo de censura. A última vez que ocorreu foi há 30 anos. Estamos, no mínimo, assustados e esperamos que haja uma revisão, porque isso é uma forma de censura;, diz.
Xavier também discorda da possibilidade de que esse tipo de publicação seja colocada em uma parte isolada das livrarias. ;Esses livros são best-sellers. Muitas livrarias sobrevivem dessas obras;, defende. A associação dará apoio jurídico às livrarias atingidas pela ordem.
O juiz de Macaé, no Norte do Rio de Janeiro, determinou o recolhimento dos livros Cinquenta tons de cinza, Cinquenta tons mais escuros e Cinquenta tons de liberdade de duas livrarias do município. Assinada por Raphael Baddini, da Segunda Vara da Família, da Infância, da Juventude e do Idoso, a ordem de serviço diz que as publicações são ;impróprias para menores de 18 anos; e, por isso, deveriam estar em embalagem especial e com lacre.
A ação ocorreu na segunda-feira e terminou com 64 exemplares apreendidos. Segundo o artigo 78 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no qual o juiz se baseou, ;revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo;. Os comerciantes têm cinco dias para reaver o material, desde que se comprometam a cumprir a legislação.
Segundo o site do Tribunal de Justiça do Rio, o próprio juiz teve a iniciativa de expedir a ordem depois de uma visita aos estabelecimentos. ;A ordem de serviço é uma forma de garantir que a lei seja cumprida. Uma criança ou adolescente pode pegar um dos livros em uma prateleira e ter acesso a um conteúdo inapropriado para sua idade;, afirma trecho do site.
Além dos títulos da autora E. L. James, que foram os mais vendidos de 2012, foram apreendidas Algemas de Seda ; A História de Jake Mimi, de Frank Baldwin; Dominique, Eu, de Dommenique Luxor, e 50 versões de amor e prazer, de Rinaldo de Fernandes.