Após três dias de protestos, índios jurunas liberaram o acesso a um dos três canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, próximo a cidade de Altamira, no Pará. O grupo deixou, no início da noite dessa quarta-feira (9/1), a estrada vicinal que estava bloqueada desde a madrugada de segunda-feira (7/1).
Lideranças de três aldeias jurunas localizadas na área de influência do empreendimento chegaram a um acordo com representantes da Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina, prevista para começar a operar em 2015. Com o fim do bloqueio, os trabalhadores do turno da noite puderam retomar os trabalhos ontem mesmo.
[SAIBAMAIS]
Durante a reunião, que foi acompanhada por um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), a empresa se comprometeu a atender às reivindicações dos índios. Os índios se queixavam de que as obras deixaram as águas do Rio Xingu turvas, impedindo-os de pescar. Para liberar a pista, exigiam, segundo a Norte Energia, R$ 300 mil a título de compensação ambiental e mais a construção de poços artesianos nas aldeias Paquiçamba, Muratu e Furo Seco.
Em nota, a empresa admitiu que, durante os últimos meses de novembro e dezembro, a turbidez da água, causada pela obra, impediu os moradores das três aldeias de pescar. Além de servir à alimentação, a pesca é a principal fonte de renda dos índios. Classificando o fato de uma ;situação nova;, não prevista no Projeto Básico Ambiental que estabelece as compensações ambientais às populações afetadas pelo empreendimento, a Norte Energia se comprometeu a compensar os índios pelas perdas. Os valores do acordo não foram divulgados.
A Agência Brasil ainda não conseguiu contato com algum representante dos índios que pudesse fornecer mais detalhes sobre a negociação e confirmar as informações da Norte Energia.
De acordo com a assessoria do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), nenhum ato de violência física ou dano ao empreendimento foi registrado durante os três dias de protesto.