Quando saiu do hospital, em Salvador, na última sexta-feira, lúcida e terna como sempre, Dona Canô, vaidosa do jeito que era, pediu um vestidinho novo e branco, do jeito que gostava, da cor da paz e de Nosso Senhor do Bonfim e Oxalá, orixá senhor do mundo. A viagem para Santo Amaro da Purificação era mesmo para aguardar a chegada da morte, que veio mansinha, na manhã do dia de Natal, como a matriarca sempre cortejou. Morreu aos 105 anos (completados em 16 de setembro) em sua casa aconchegante, templo de uma vida simples e cercada de fé. Foi lá que cultivou essa imagem de nobreza e sabedoria.
;Queria saber por que é que fica essa agonia comigo. Eu não sou nada, nunca fui nada! Apenas fiquei conhecida por causa de meus dois filhos, que nunca se esqueceram de onde vieram nem da mãe que têm;, dizia Dona Canô.