A modelo paulista Monique Menezes, de 22 anos, contou nesta terça-feira (4/12), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas, que foi vítima de maus-tratos e assédio sexual em Nova Delhi, na Índia, onde trabalhou de dezembro de 2011 a fevereiro deste ano.
Atraída pelo sonho de comprar uma casa e ganhar dinheiro com uma carreira internacional, ela foi para a Índia contratada para fazer fotos e desfiles, mas era obrigada por uma francesa conhecida como Sabrina a trabalhar em festas noturnas onde havia assédio por parte de indianos. Sabrina era a agenciadora de modelos na Índia e dona da casa onde Monique ficou hospedada.
Segundo ela, a agência de modelos de Júnior Pelicano, sediada em São Paulo, que a contratou, ofereceu salário de US$ 2.100 por mês, mas pagava US$ 160, valor insuficiente para comprar comida. A modelo disse que adoeceu com a falta de higiene na casa onde ficou hospedada e que, após um mês na Índia, pediu ajuda ao consulado brasileiro em Nova Delhi, que pagou a passagem de volta ao Brasil.
Uma cópia do contrato feito entre a modelo e a agência foi solicitada pela Comissão para avaliar a possível convocação do olheiro Júnior Pelicano para dar explicações sobre a denúncia. ;Eu nunca mais vou deixar de analisar um contrato. Eu conheço muitas meninas que sonham em ser modelo e dizem que fariam tudo para conhecer outro país, mas hoje eu sei que nem tudo é glamour;, alertou Monique.
Segundo o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), o agenciamento de modelos configura tráfico de pessoas no momento que as meninas são forçadas a trabalhar em condições sub-humanas para pagar dívidas. Para investigar denúncias de que os aeroportos de Salvador e Porto Alegre são porta de saída do tráfico de pessoas, a CPI aprovou requerimento do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) para a realização de diligências e audiências públicas no Rio Grande do Sul e na Bahia. A visita a Porto Alegre foi marcada para próxima quinta-feira (6/12).