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Moradores resistem em deixar favela destruída por incêndio

Os moradores da Favela Fazendinha, atingida por um incêndio na última quarta-feira (13) que destruiu cerca de 320 barracos, não querem deixar o local e nem ir para os abrigos cedidos pela prefeitura. Cerca de 400 famílias estão amontoadas nas calçadas próximas à comunidade ou em casas de amigos e parentes. Os moradores já começaram a reconstruir os barracos na manhã de hoje (16) na favela, que fica no bairro da Penha, na zona leste da cidade. Não foram registradas mortes no incêndio.

De acordo com o líder comunitário local, Ronaldo José da Silva, os moradores reivindicam moradia digna e não querem receber dinheiro da prefeitura. ;Se a prefeitura nos der moradia, nós desocupamos a área imediatamente,; disse. Silva reclamou que a única ajuda prestada pela prefeitura foi a entrega de colchões e cestas básicas.

O líder comunitário relatou que as autoridades não apareceram no local para oferecer outro tipo de apoio ou mesmo para cadastrar os moradores afetados. ;Nós só saímos da área se derem um benefício para nós. Nós não aceitamos albergue. Não tivemos nenhuma assistência. Precisamos fazer um levantamento dos barracos que foram perdidos, saber o número de crianças. Quero conversar com o secretário de Habitação e o subprefeito da Penha.;

Mãe de quatro filhos, a autônoma Ivanilde Penha Rosa, 36 anos, está com os filhos na calçada, porque perdeu o barraco no incêndio. A família espera o marido de Ivanilde terminar a construção de outro barraco para voltar a ter um teto. ;Eu moro há dois anos aqui e não tenho para onde ir. Também não tenho cadastro na prefeitura, e espero que alguém me dê moradia.;

A moradora Sonia Maria de Souza Barbosa, 52 anos, contou que só conseguiu salvar os documentos antes de o fogo queimar o barraco onde morava com o filho nos últimos três anos. ;Eu tinha televisão, fogão, cama, tinha tudo, apesar de ser velho, eu tinha. Tenho deficiência auditiva e meu benefício só dá para comprar meu remédio e comer. Não posso pagar um aluguel. Só vou sair daqui quando a prefeitura me der uma moradia.;

Morador da favela há três anos na favela, o autônomo, José Marcos dos Santos, 30 anos, contou que veio do Nordeste e não tem outro local para morar em São Paulo. A casa de Santos não foi destruída e ele acolheu quem perdeu a casa e bens no incêndio. ;Todos vão reconstruir e, enquanto a prefeitura não fizer nada, ninguém sai daqui. Só o que eu quero é um teto porque eu não tenho.;

Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura informou que tem dado toda a assistência às famílias prejudicadas. A Secretaria Municipal de Assistência Social cadastrou 260 famílias para o recebimento de cestas básicas, kits de higiene, 762 colchões e 762 cobertores. A secretaria disponibilizou ainda vagas em abrigos. De acordo com prefeitura, a Secretaria de Habitação fez o cadastramento das famílias.