"Eu não vou ficar pedindo favor. Não esteve por aqui em nenhum momento qualquer assistente social. A pouca ajuda que foi dada veio do pessoal da Defesa Civil, que não está preparada para isto. Mesmo com todo o risco eu vou permanecer aqui tomando conta do que é meu;.
Foi dessa forma, com lágrimas nos olhos, que o agente de segurança Ricardo Ribeiro, de 40 anos, protestou contra o que chamou de descaso das autoridades de Nova Friburgo com as famílias que ficaram desabrigadas na localidade de Três Irmãos, no distrito de Conselheiro Lafayette. O deslizamento de pedras que ocorreu na última terça-feira feriu pelo menos duas pessoas e levou à interdição de cerca de uma centena de casas.
Ribeiro garantiu que não deixará o local da tragédia nem abandonará suas coisas, mesmo consciente de que corre risco de morrer caso ocorra novo desabamento. ;Deveria ter aqui um assistente social fazendo este papel e eu não vou ficar pedindo pelo amor de Deus para alguém me abrigar;.
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O agente de segurança contou que, depois de perguntar se existem assistentes sociais em Nova Friburgo, recebeu como resposta que sim, ;só que na folha de pagamento;.
Para Ribeiro, o deslizamento de terra na localidade de Três Irmãos foi fruto da incompetência política dos que são responsáveis por cuidar da cidade. ;São três prefeitos na folha de pagamento, recebendo salário de R$ 18 mil cada um, e nós estamos sem governo;.
Segundo ele, isso acontece em um município que vende para o mundo a imagem de capital da moda, cidade colonial e que tem milhões retidos para construir um polo de modas no centro da cidade. ;Mas que é o mesmo [município] que encobriu desde a última tragédia, em janeiro de 2011, quando dezenas de pessoas morreram, a gravidade da situação aqui no Três Irmãos;.
Solitário, hora fitando o vazio, hora os escombros deixados pela chuva - mas sempre com lágrimas nos olhos e uma atadura a encobrir os ferimentos na cabeça ; o agente de segurança continuava revoltado com o que chamou de descaso das autoridades municipais com o povo.
;Você pode observar aqui a presença dos bombeiros, do pessoal da Defesa Civil e da Guarda Municipal - poucos é verdade -, mas não vê a presença sequer de uma ambulância. E se acontece alguma coisa com uma dessas pessoas, quem ajudará;?
Ribeiro relatou à Agência Brasil o momento em que a chuva começou a fazer estragos. Segundo ele, o primeiro deslizamento foi por volta das 6h e destruiu parcialmente uma casa. ;Por volta de meio dia estávamos conversando em um bar, chovia muito na hora, quando houve o segundo abalo. Nós corremos para nos proteger quando eu lembrei que algumas pessoas ainda estavam no local [do primeiro acidente];.
Segundo ele, quando as pessoas voltavam para socorrer possíveis vítimas houve novo abalo e as pedras começaram a cair na direção de todos. ;Foi o tempo de tentar correr e me proteger. Só que as pedras passaram por cima das casas e uma delas acertou minha cabeça;, disse.
Segundo o agente, três pessoas ficaram feridas, inclusive uma criança que estava na casa que ficou parcialmente soterrada pela manhã, ;mas ela foi medicada e está fora de perigo, pois graças a Deus foram só escoriações leves;.
Ribeiro disse que a rocha já tinha fissuras e todos sabiam. Segundo ele, havia riscos e o desabamento era esperado, mas nenhuma providência foi tomada. ;E o problema continua, pois a lasca de pedra é o que sustenta o resto da rocha e, se voltar a chover, vem tudo abaixo novamente;.
O agente contestou o número de 72 pessoas desalojadas, estimado pela prefeitura do município, mas admitiu que é difícil dizer quantas pessoas tiveram de deixar suas casas.
;É difícil estimar o número de desalojados, mas se você considerar que existem pelo menos 100 casas interditadas e se você coloca cinco pessoas em casa casa você tem aí por volta de 500 pessoas afetadas - morando em abrigos, em casas de parentes ou de amigos;.
Ribeiro disse que o que mais o incomodava era o fato de nenhuma autoridade ter aparecido no local para dar informações. ;Mesmo os técnicos da Defesa Civil que aqui estão só ficam olhando para cima. As pessoas perguntam o que eu estou fazendo aqui, nesta chuva fina e eu respondo: o mesmo que a Defesa Civil - olhando pra cima e esperando as pedras caírem para poder fazer alguma coisa;.
Foi dessa forma, com lágrimas nos olhos, que o agente de segurança Ricardo Ribeiro, de 40 anos, protestou contra o que chamou de descaso das autoridades de Nova Friburgo com as famílias que ficaram desabrigadas na localidade de Três Irmãos, no distrito de Conselheiro Lafayette. O deslizamento de pedras que ocorreu na última terça-feira feriu pelo menos duas pessoas e levou à interdição de cerca de uma centena de casas.
Ribeiro garantiu que não deixará o local da tragédia nem abandonará suas coisas, mesmo consciente de que corre risco de morrer caso ocorra novo desabamento. ;Deveria ter aqui um assistente social fazendo este papel e eu não vou ficar pedindo pelo amor de Deus para alguém me abrigar;.
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O agente de segurança contou que, depois de perguntar se existem assistentes sociais em Nova Friburgo, recebeu como resposta que sim, ;só que na folha de pagamento;.
Para Ribeiro, o deslizamento de terra na localidade de Três Irmãos foi fruto da incompetência política dos que são responsáveis por cuidar da cidade. ;São três prefeitos na folha de pagamento, recebendo salário de R$ 18 mil cada um, e nós estamos sem governo;.
Segundo ele, isso acontece em um município que vende para o mundo a imagem de capital da moda, cidade colonial e que tem milhões retidos para construir um polo de modas no centro da cidade. ;Mas que é o mesmo [município] que encobriu desde a última tragédia, em janeiro de 2011, quando dezenas de pessoas morreram, a gravidade da situação aqui no Três Irmãos;.
Solitário, hora fitando o vazio, hora os escombros deixados pela chuva - mas sempre com lágrimas nos olhos e uma atadura a encobrir os ferimentos na cabeça ; o agente de segurança continuava revoltado com o que chamou de descaso das autoridades municipais com o povo.
;Você pode observar aqui a presença dos bombeiros, do pessoal da Defesa Civil e da Guarda Municipal - poucos é verdade -, mas não vê a presença sequer de uma ambulância. E se acontece alguma coisa com uma dessas pessoas, quem ajudará;?
Ribeiro relatou à Agência Brasil o momento em que a chuva começou a fazer estragos. Segundo ele, o primeiro deslizamento foi por volta das 6h e destruiu parcialmente uma casa. ;Por volta de meio dia estávamos conversando em um bar, chovia muito na hora, quando houve o segundo abalo. Nós corremos para nos proteger quando eu lembrei que algumas pessoas ainda estavam no local [do primeiro acidente];.
Segundo ele, quando as pessoas voltavam para socorrer possíveis vítimas houve novo abalo e as pedras começaram a cair na direção de todos. ;Foi o tempo de tentar correr e me proteger. Só que as pedras passaram por cima das casas e uma delas acertou minha cabeça;, disse.
Segundo o agente, três pessoas ficaram feridas, inclusive uma criança que estava na casa que ficou parcialmente soterrada pela manhã, ;mas ela foi medicada e está fora de perigo, pois graças a Deus foram só escoriações leves;.
Ribeiro disse que a rocha já tinha fissuras e todos sabiam. Segundo ele, havia riscos e o desabamento era esperado, mas nenhuma providência foi tomada. ;E o problema continua, pois a lasca de pedra é o que sustenta o resto da rocha e, se voltar a chover, vem tudo abaixo novamente;.
O agente contestou o número de 72 pessoas desalojadas, estimado pela prefeitura do município, mas admitiu que é difícil dizer quantas pessoas tiveram de deixar suas casas.
;É difícil estimar o número de desalojados, mas se você considerar que existem pelo menos 100 casas interditadas e se você coloca cinco pessoas em casa casa você tem aí por volta de 500 pessoas afetadas - morando em abrigos, em casas de parentes ou de amigos;.
Ribeiro disse que o que mais o incomodava era o fato de nenhuma autoridade ter aparecido no local para dar informações. ;Mesmo os técnicos da Defesa Civil que aqui estão só ficam olhando para cima. As pessoas perguntam o que eu estou fazendo aqui, nesta chuva fina e eu respondo: o mesmo que a Defesa Civil - olhando pra cima e esperando as pedras caírem para poder fazer alguma coisa;.