A Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), criada há 11 anos, ganhou nesta quarta-feira (3/10) a adesão da primeira empresa ligada ao setor elétrico. A empresa Furnas tornou-se a 161; instituição a seguir as recomendações da agenda coordenada pelo governo, que define critérios de gestão ambientalmente sustentável. Entre as metas estipuladas pelo manual, estão a mudança nos investimentos, compras e contratação de serviços pelo governo e o manejo adequado dos resíduos e dos recursos naturais utilizados.
;É uma sinalização do setor elétrico de que a discussão ambiental não passa só pela questão do licenciamento. É uma agenda que depende menos da gente [governo] e mais de Furnas;, avaliou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
A ministra lembrou que todas as empresas que aderiram à iniciativa têm prorrogado os contratos. ;Ninguém pediu para não aditar [os contratos];, afirmou a ministra, destacando iniciativas de órgãos como Caixa Econômica Federal, Advocacia-Geral da União (AGU), Agência Nacional de Águas (ANA) e ministérios Públicos Federal e Estaduais.
Levantamentos de um grupo do Tribunal de Contas da União (TCU), formado para acompanhar os resultados da iniciativa, apontaram que, com o cumprimento mínimo de regras, as empresas têm conseguido economizar cerca de R$ 240 milhões por ano em energia.
Além da economia, o governo tem defendido o reflexo das ações em outros setores. Segundo Izabella Teixeira, com as mudanças incorporadas pelas empresas que aderiram à A3P, é possível influenciar cadeias produtivas e gerar negócios e empregos. Para a ministra, a agenda deve ser também usada como indicadores de boas práticas.
;Os relatórios de sustentabilidade que o Ministério do Meio Ambiente recebe, a gente não pode fazer juízo de valor. Ou seja, faço juízo de valor sobre o negativo, mas não faço sobre o positivo. Sei dizer quem faz errado, mas não digo quem faz certo. E tem muito mais gente fazendo o certo.;
[SAIBAMAIS] O presidente de Furnas, Flávio Decat, adiantou que a empresa tem dois projetos que se enquadram à A3P. Uma das propostas em análise é a de adaptação de barcaças que vão rodar com motores a hidrogênio no Lago de Furnas, em Minas Gerais, abrangendo mais de 30 municípios do estado, formando lagos, cachoeiras, balneários e piscinas naturais.
;As barcaças serão usadas para recolher o lixo nas cidades e queimar esse lixo em usinas próprias, produzir energia elétrica e vender essa energia de maneira que este processo seja sustentável e não dependa de verbas de prefeituras. Estamos desenvolvendo esse projeto. Já temos acordo com a Coppe [Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro] para usar os motores;, explicou Decat.
Segundo ele, técnicos de Furnas e colaboradores estão estudando a melhor técnica para a queima correta do lixo e também a de menor custo, além de locais adequados para instalar as usinas. Decat acredita que, no final do ano, o projeto estará concluído para o início das licitações.
O presidente de Furnas ainda destacou a proposta de coleta seletiva ampliada que está sendo adotada pela empresa. ;A coleta seletiva não se limita às instalações de Furnas. Vamos distribuir coletores para mais de 5 mil empregados e colaboradores colocarem em casa e nos prédios;, acrescentou.