Reunidos para a 5; Caminhada da Liberdade Religiosa, no Rio, representantes de várias religiões no Brasil condenaram neste domingo (16/9) o filme The Innocence of Muslims, produzido nos Estados Unidos e que contem ofensas ao profeta Maomé. Eles prestaram solidariedade aos muçulmanos, mas também desaprovaram os violentos protestos antiamericanos realizados por seguidores do islamismo em todo o mundo desde a semana passada.
Em entrevista à imprensa nesta manhã, o diretor da Comunidade Beneficente Muçulmana no Rio, Sami Armed Isbelle, disse que o Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos no Brasil, autoridade religiosa máxima dos muçulmanos no país, condenou o filme ;que desrespeita o profeta Muhammad e coloca os muçulmanos como bárbaros;. Reproduzindo mensagens dos líderes religiosos, ele pediu o fim da violência.
Armed explicou que a representação de Maomé não é feita nem pelos próprios muçulmanos e, por isso, o filme, cujas legendas do trailer foram feitas em árabe, foi muito mal recebido. ;Sempre que falamos do profeta, não tem nenhum tipo de representação [da figura], é só por meio do que ele falou. Então, quando ele é representado de forma a incutir o ódio e isso mexe com o sentimento religioso;.
O religioso, no entanto, não descarta influência política nos protestos no Oriente Médio, que teve os Estados Unidos como aliados de regimes ditatoriais, principalmente antes do movimento conhecido como Primavera Árabe, no ano passado. ;A massa acaba sendo insuflada por essas circunstâncias históricas, embora essa reação seja condenável", disse Armed, que é descendente de sírios.
Sem entrar na polêmica do filme americano, que não teve confirmada a participação de judeus em nenhuma etapa da produção ou do financiamento, a presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, Sarita Schaffel, reforçou que são condenáveis quaisquer ataques a personalidades e símbolos religiosos. "Não gosto que façam com os meus, não farei com os outros, é simples", disse.
A representante dos judeus - que comemoram hoje o ano novo - defendeu o diálogo e pediu respeito à fé alheia. ;Todas as religiões, entre elas, o islamismo, pregam o entendimento, a paz, a compreensão e o amor ao próximo;, disse.
Para a caminhada em favor da tolerância religiosa em Copacabana hoje são esperadas 200 mil pessoas. Em 2011, o evento reuniu 180 mil pessoas de varias religiões.