Duas caminhadas fizeram parte das atividades do Grito dos Excluídos nesta sexta-feira (7/8) na capital paulista. Um dos grupos, encabeçado pelas Pastorais Sociais, iniciou a programação com uma celebração na Catedral da Sé, no centro da cidade, por volta das 8h. O grupo, coordenado pela Central de Movimentos Populares (CMP), por sua vez, concentrou-se na Praça Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, às 9h.
As atividades, que ocorrem há 18 anos sempre no 7 de Setembro em contraponto às comemorações oficiais, têm como objetivo reunir movimentos sociais e organizações populares para ;denunciar à sociedade que ainda não somos independentes como deveríamos;, explica Paulo César Pedrini, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo. Este ano, o Grito dos Excluídos tem como tema ;Queremos um Estado a serviço da nação que garanta direitos a toda população!”.
Pedrini participou do evento que seguiu da Catedral da Sé para o Parque da Independência, no bairro Ipiranga. Após a caminhada, de aproximadamente 5 km, o grupo chegou por volta das 13h ao parque, onde a atividade foi encerrada com uma apresentação teatral sobre a independência brasileira.
;Escolhemos esse roteiro por ser uma questão simbólica. No mesmo local em que foi dado o grito da independência, vamos levantar novamente nossas vozes e exigir condições de vida digna;, declarou. Ele destacou que, em 2012, o Grito dos Excluídos está trazendo como um dos principais temas os impactos sociais provocados por grandes eventos. ;As remoções de comunidades já estão ocorrendo nas cidades-sede da Copa do Mundo;, criticou o coordenador.
A sindicalista Nádia Gebara, da Ação e Organização Intersindical, acredita que o evento dá unidade às lutas sociais. ;É um momento para agregar todas as reivindicações. Unimos todas as dimensões da luta pela vida: terra, educação, saúde, trabalho;, defendeu. A doméstica Maria Oliveira Cerqueira, 61 anos, participou pela primeira vez do Grito dos Excluídos para reivindicar, principalmente, moradia digna. ;Moro em casa alugada. Meu sonho é que todo mundo já nascesse com o direito a ter uma casa garantido;.
[SAIBAMAIS]Motivada por conquistas em relação à habitação, a babá Sedileibe Penteado, 49 anos, também resolveu participar do Grito dos Excluídos este ano. Ela acompanhou o grupo que partiu da Avenida Paulista em uma caminhada que durou aproximadamente uma hora em direção ao Momento às Bandeiras, próximo ao Parque Ibirapuera. ;No Dia da Independência, lutamos para sermos independentes de fato. Ter nossa casinha, ter dignidade;, declarou.
Para Luiz Gonzaga da Silva, vice-coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), a atividade dá visibilidade às recentes conquistas sociais dos brasileiros, mas aponta que ainda há muito a avançar. ;Por exemplo, em relação ao salário mínimo, que ainda não corresponde às necessidades básicas dos trabalhadores;, defende.