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Moradores da Capanema recebem autorização para usar Rio Iguaçu

Brasília - Os moradores de Capanema, no sudoeste do Paraná, conquistaram na sexta-feira (17) uma batalha que se estende há mais de 30 anos. Com portaria publicada pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio), a comunidade local recebeu cartão verde para usar o Rio Iguaçu, que foi incorporado ao Parque Nacional do Iguaçu (PNI) em 1981, restringindo qualquer atividade no afluente.

As águas do Iguaçu que contornam o parque percorrem mais de 80 quilômetros de área do município, que tem uma população de 18.526 habitantes segundo o último censo do IBGE. ;Se o cara tomasse banho no rio, ele estaria na área do parque e poderia ser autuado por isso. Ele não pode andar de barco ou manter qualquer atividade no rio;, disse Jorge Luiz Pegoraro, chefe do PNI.

Nos últimos três anos, moradores de Capanema e órgãos ambientais vêm tentando alterar esta realidade. ;Conseguimos produzir a portaria que define condições para que a comunidade possa usar o Rio Iguaçu e fizemos um zoneamento;.

Segundo Pegoraro, durante reuniões locais, técnicos e moradores definiram áreas para banho e para o uso de diferentes embarcações para transporte, atividades turísticas ou prática de esportes náuticos, como barcos a motor, caiaque e jet-ski.

De acordo com a portaria, o uso de embarcações do tipo "caíco", embarcações rústicas feitas de madeira, com comprimento máximo de 5 metros e largura máxima de 60 centímetros, ficaram autorizados para os proprietários de casas nos limites do rio.

A medida cria expectativas em torno de impactos econômicos no município. Com a liberação do rio, Capanema amplia o potencial turístico podendo gerar novos empregos. Pegoraro acredita que a injeção de uma nova fonte de renda pode contribuir para a solução de um impasse entre moradores e o parque nacional.

Como a região do PNI é rica em palmito, algumas pessoas ignoram leis ambientais e extraem ilegalmente o produto de dentro da área protegida. ;Temos este passivo ambiental. É um problema clássico e queremos oferecer o novo produto na tentativa de reverter o cenário;, disse Pegoraro.

A partir da publicação das regras para uso da margem esquerda do Rio Iguaçu, a administração do PNI e agentes do Instituto Chico Mendes (ICMBio) vão começar a cadastrar as embarcações e equipamentos e de moradores. Ainda não existe levantamento sobre quantas embarcações serão registradas, mas as estimativas apontam cerca de 100 pessoas interessadas.