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Vigília lembra Chacina da Candelária, ocorrida há 19 anos no centro do Rio

Associações de mães e entidades sociais fazem neste momento uma vigília em memória das vítimas da Chacina da Candelária, ocorrida em 23 de julho de 1993, no centro da capital fluminense. No local, oito meninos em situação de rua foram mortos. Mais de 40 crianças dormiam na praça em frente à Igreja da Candelária quando cinco homens desceram de dois carros e fizeram vários disparos na direção do grupo formado por crianças crianças e adolescentes. A vigília vai até as 22h.

;As mães ficam só com a dor desse filho ou dessa filha que morreu, prematuramente. É uma luta diária, desvalorizada, por serem jovens pobres. A gente não quer falar dos mortos, a gente quer interromper esse processo de falar de morte e pensá-la como um renascimento;, disse Patricia Tolmasquim, do Movimento Candelária, uma das organizadoras da vigília.

Patricia de Oliveira, irmã de um dos sobreviventes, Wagner dos Santos, refugiado na Suíça, chamou a atenção sobre a grande quantidade, hoje, de jovens desaparecidos no Rio de Janeiro, a despeito da diminuição do número de mortos em autos de resistência (mortes cometidas por policiais). Desde 1993 ela participa da organização do ato em memória das vítimas da Chacina da Candelária.

;A gente está sempre marcando espaço, porque como a nossa população esquece muito rápido a gente busca não deixar cair no esquecimento, porque esquecer é permitir. A gente faz a caminhada, hoje é a vigília das mães. É muito importante porque a gente pode trazer o debate para a população;, disse.

O evento de hoje integra uma série de ações para lembrar os mortos e protestar contra a violência que atinge a população pobre no Rio. Na quarta-feira (25), o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (Cedeca) realiza um seminário, às 10h, em sua sede, na Rua da Assembleia, número 5. Também às 10h, mas na sexta-feira (27) ocorre um ato ecumênico. Em seguida, será realizada a Caminhada em Defesa da Vida, a partir da Igreja da Candelária.



Monica Suzano, que teve o filho morto em 2006, aos 20 anos, por policiais militares, uma das organizadoras do Movimento Muleke, de apoio às mães de jovens que estão sob a tutela do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), disse que a manifestação é importante para evitar que jovens continuem sendo mortos.

;Se a gente não se mobilizar aqui, muitas outras mães vão perder seus filhos. Só nós, juntas, é que podemos ajudar um ao outro, achar uma solução [...]. A gente tenta combater de alguma forma, mostrando a cara. A gente não concorda com isso. Ser pobre e negro não é motivo de ser morto;, disse